Em protesto pela prorrogação do auxílio-aluguel, integrantes do Movimento Resistência Popular pelo Direito à Cidade montaram barricadas com pneus queimados no Eixinho Norte e no Eixão no início da manhã desta terça-feira (14). A Polícia Militar enviou o Batalhão de Choque para a região. A estimativa é de que 250 pessoas paticiparam da manifestação.
Um dos bloqueios foi montado perto da sede dos Correios e o outro, na altura do Conjunto Nacional. Motoristas precisaram acessar a contramão e invadir calçadas para fugir do protesto. A fumaça provocada pelos incêndios chamava a atenção pela altura. O helicóptero do Corpo de Bombeiros foi acionado para atuar na operação.
Um cordão da Polícia Militar foi montado para que os bombeiros conseguissem apagar o fogo. Todas as vias foram bloqueadas às 8h10.
O grupo está acampado desde o início do mês no estacionamento da Secretaria de Fazenda. O benefício, concedido pelo governo do Distrito Federal no valor de R$ 600, é válido por um ano. Eles pedem a extensão do prazo e a inscrição de mais famílias no programa.
Por mensagem, os manifestantes disseram ao G1 que o GDF não fez os pagamentos que eles queriam e disseram que vão “queimar Brasília inteira”.
Na última manifestação, ocorrida no dia 9 de julho, o subsecretário de Movimentos Sociais e Participação Popular, Acilino Ribeiro, esteve no local para negociar com os manifestantes. O governo informou que o grupo se comprometeu a não ocupar a pista outra vez.
Um dos moradores do acampamento reclama das condições que enfrenta há 14 dias. “Passo frio, passo fome. Enquanto dois comem, três olham. Mas a gente não tem escolha. O jeito é ficar aqui.”
Já uma funcionária que trabalha perto do local onde o acampamento está instalado relatou sentir “medo” ao ir ao trabalho. “Nunca sei o que pode acontecer. Normalmente todo mundo está quieto, mas do nada começam a colocar fogo em pneus”, diz a recepcionista Tayrine Vieira.
Coordenador do movimento, Francinaldo Silva afirmou que os protestos vão continuar. “Quem está causando isso é o governo. Nosso direito de ir e vir está sendo impedido a cada dia”, afirmou.
Apesar de o movimento alegar que não é ouvido pelo governo, os manifestante reconhecem que o secretário de Relações Institucionais do DF entrou em contato com os integrantes do protesto. “Só ele não resolve nossa demanda. Os outros não nos dão atenção”, completou Silva.
Em nota, o GDF informou na época que havia famílias que não receberam as 12 parcelas do benefício a que têm direito e que terão acesso ao recurso. Nos outros casos, segundo o governo, somente a Câmara Legislativa poderá decidir sobre uma prorrogação do repasse, em lei.
O governo também afirmou que o critério para a inclusão de outras pessoas no serviço é “o mesmo para qualquer pessoa”: um assistente social é enviado para verificar se a família atende os requisitos necessários para o recebimento do benefício.
Demanda
Um dos líderes do grupo, Edson Silva afirmou que os manifestantes devem continuar o protesto até terem uma casa liberada num dos programas do governo. “Até agora não ouvimos nada. Parece que o Rollemberg não está muito preocupado com o povo”, disse. “Aqui tem crianças, deficientes, mulheres grávidas e ninguém vem nos procurar.”
No acampamento, o grupo divide um único fogão para preparar as refeições servidas no almoço e jantar. A maior parte dos manifestantes mora nas regiões de Brazlândia, Ceilândia, Planaltina, Recanto das Emas, Samambaia e Santa Maria.
Entidades de assistência social enviam mantimentos como arroz e cenoura. À noite, um turno faz a vigilância para que não haja ocorrências com o acampamento. “As famílias estão aqui porque não têm aonde ir”, diz Silva.
Benefício
Pelas regras do programa que concede o auxílio-moradia, o benefício é válido por até um ano, prazo que já venceu para os manifestantes. Segundo Silva, o governador Rodrigo Rollemberg prometeu em fevereiro que estenderia o tempo de pagamento do auxílio por meio de uma mudança no decreto que estabelece a questão.
Fonte: G1 DF