Segundo fontes próximas ao presidente eleito, ele prepara um anúncio exclusivo de futuras ministras, que devem comandar pastas importantes, como Saúde e Educação
Após um primeiro anúncio composto apenas por homens, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara a divulgação dos nomes de cinco mulheres para comandar pastas relevantes. A previsão é de que a lista inclua os ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social que, juntos, têm R$ 509 bilhões de orçamento previsto para 2023 e estão entre os órgãos responsáveis pelo maior volume de recursos – atrás apenas do Trabalho e Previdência, que gere as aposentadorias e benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Há a expectativa de que o segundo anúncio ocorra nesta terça-feira (13). Nesta segunda, ocorre a diplomação de Lula e do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na tarde de domingo, o presidente eleito reuniu aliados em Brasília para tratar da formação do governo com indicados na semana passada, como Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda e Rui Costa, que assumirá a Casa Civil a partir de 1º de janeiro.
De acordo com interlocutores de Lula, o próximo anúncio será reservado às mulheres. As definições ainda ocorrem em meio a uma pressão de petistas por mais espaço na equipe ministerial, especialmente em pastas com maior orçamento e programas estratégicos, mas, por enquanto, os nomes ventilados contemplam mais os partidos aliados do que o PT.
Aliados esperam para esta semana a confirmação da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que passou de adversária a aliada na campanha, para o comando do Ministério de Desenvolvimento Social. No entanto, o Partido dos Trabalhadores ainda pleiteia o comando da pasta, indicando o nome da ex-ministra Tereza Campello, que trabalhou com Dilma Rousseff. O ministério é o responsável pela formulação de políticas destinadas à população mais carente e pela gestão do Bolsa Família, atual Auxílio Brasil.
Durante a campanha, Simone foi firme na defesa de programas robustos de transferência de renda e chegou a negociar com Lula a adesão do petista a uma de suas promessas de campanha: a criação de uma espécie de bolsa destinada a estudantes do Ensino Médio. A senadora também reivindica uma ação federal que reduza as filas na saúde.
Nessa área, a presidente da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, é a mais cotada. Nome fundamental para a vacinação contra covid-19 no Brasil, a socióloga e pesquisadora pode ser a primeira ministra da Saúde da história do país – ela já participa do processo de transição.
Escolha dada como certa nos bastidores – Nísia já não tem concorrentes para a vaga, segundo interlocutores do futuro governo -, ela deve assumir com a missão de comandar uma campanha nacional de imunização contra várias doenças em janeiro, segundo já afirmou Alckmin.
Representatividade
Na Cultura, o convite foi feito à cantora Margareth Menezes que, se aceitar, será a primeira mulher negra a compor o terceiro governo Lula. O mesmo ineditismo vale para o provável anúncio do nome da indígena Sônia Guajajara, deputada federal eleita (PSOL-SP). Ela deve comandar políticas voltadas aos Povos Originários, área que pode virar uma secretaria vinculada diretamente à Presidência da República ou mesmo um novo ministério – uma promessa de Lula na campanha.
Na Educação, a disputa deve ser vencida pela governadora do Ceará, Izolda Cela (sem partido), apesar da pressão contrária do PT. Considerada uma das responsáveis pela evolução da educação pública no Estado que governa, a professora, que deixou o PDT neste ano para apoiar Lula, tem como concorrente ao cargo o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), líder do partido na Câmara.
Aliados de Lula no Ceará argumentam que Izolda “perdeu muito” ao apoiar o petista, como uma amizade de anos com Ciro Gomes, presidenciável derrotado do PDT, e cobram a nomeação dela.
O jurista Silvio Almeida é um dos cotados para assumir o Ministério dos Direitos Humanos. A estrutura atual deve ser dividida em duas, com as áreas de Mulheres, Juventude e Igualdade Racial podendo ficar em uma pasta separada.
O procurador Jorge Messias, conhecido como “Bessias” após ter sido citado pela ex-presidente Dilma em um telefonema para Lula no auge da Lava-Jato, em 2016, deve comandar a Advocacia-Geral da União (AGU).
Fonte: GZT