A construção da nova sede do Centro Administrativo do Distrito Federal (GDF), em Taguatinga, conhecida popularmente como Buritinga, gerou nos moradores, comerciantes, corretores e investidores da região uma grande expectativa em relação ao crescimento e à valorização do local. Expectativa, essa, que vem sendo frustrada pela Justiça. Irregularidades apontadas na construção e em outros problemas judiciais atrasam a mudança dos 15 mil servidores do GDF para a nova sede, que chegou a ser inaugurada pelo ex-governador Agnelo Queiroz no seu último dia de gestão.
Enquanto prosseguem as pendências judiciais, os empresários da região esperam. Proprietário de uma imobiliária recém-instalada próxima à nova sede do governo, Cícero da Luz revela que optou pela mudança da Asa Norte para Taguatinga por conta da expectativa do crescimento nas vendas e de um possível aumento no valor dos imóveis do local. “Justamente por causa da vinda do Centro Administrativo é que eu vim pra cá”, diz ele. Uma aposta, no entanto, que ainda não se concretizou. “Ainda não houve uma valorização muito grande, porque o mercado está estagnado há três anos”, continua. Cícero, porém, ainda acredita ter feito a aposta certa. “Suponho que o aumento será de 15 a 20%, a partir do momento em que a sede começar a funcionar”, acredita ele.
Adriana Yamamoto é dona de um pequeno mercado na região. Para ela, com a vinda dos funcionários do GDF, as vendas vão melhorar. “Vai vir muita gente pra cá e, como o nosso comércio é o mais próximo, a gente espera que melhore o movimento”, diz a comerciante.
Já Eltime Benedito, orientadora educacional e moradora de Taguatinga há 30 anos, demonstra preocupação com o aumento do trânsito e da movimentação de pessoas na região. “Não sei quantos servidores vão vir pra cá. E aí? Como é que vai ficar o trânsito de lá pra cá? O trânsito aqui já é difícil”, teme ela.
Mudança
A mudança da sede do governo, além da expectativa de desenvolvimento para os moradores da região, também promete trazer vantagens para os funcionários. Uma delas é com o acesso ao Metrô, que deve amenizar o trânsito em horários de pico. Apesar de a iniciativa não ter sido do atual governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), de acordo com a Secretaria de Estado de Gestão Administrativa e Desburocratização – Segad, a intenção é fazer a mudança tão logo seja possível.
Ao todo, são 182 mil m² distribuídos em uma estrutura de 14 prédios, dez de quatro andares e quatro de 16, que deve abrigar cerca de 15 mil funcionários. A estrutura conta com centro de convivência, centro de convenções, marquise cultural com anfiteatro com área de 1.687 m² com anfiteatro, área verde de 61 mil m², cerca de três mil vagas de estacionamento e 676 vagas de bicicletário.
Mas, essa mudança pode estar longe de acontecer. A obra foi inaugurada de forma irregular pelo ex-governador Agnelo Queiroz (PT) no último dia do seu governo, com um Relatório de Impacto de Trânsito (RIT) parcial, documento necessário para emissão do habite-se, que foi cancelado posteriormente.
Além disso, de acordo com a Segad, existem outros processos envolvendo a construção e que tramitam na Justiça do Distrito Federal. Dentre eles, o do Ministério Público que suspendeu o pagamento do governo ao consórcio de empresas responsáveis pela construção do Centro Administrativo. É que pelo contrato, GDF deve pagar ao consórcio R$3,26 milhões ao mês desde julho do ano passado. E quando o governo ocupar e colocar o prédio em operação esse pagamento passa a R$ 17 milhões mensais.
Ainda segundo a Segad, somente parte da obra está concluída e quanto ao mobiliário, que deve ser instalado no novo prédio, o governo não tem previsão de recursos para realizar a compra. A secretaria informou ainda que um Conselho foi criado para estudar as pendências judiciais e tentar acelerar a mudança da sede do GDF para Taguatinga.
Fonte: Fato Online