Custo do transporte no DF é um dos mais altos do país, diz consultor à CPI

img-20151022-wa0064Gestor da Logit falou que tarifa para usuário devia ter alta de 13% em 2013. ‘Primeira fase do edital foi feita com dados superestimados’, diz Colombini.

O presidente da empresa Logit, responsável por prestar consultoria durante o processo de licitação do transporte público do Distrito Federal, afirmou nesta quinta-feira (22) em depoimento à CPI do Transporte da Câmara Legislativa que o subsídio pago pelo governo do DF às empresas de ônibus urbano na capital federal é um dos mais altos no país.

A tarifa técnica em Brasília é mais alta do que comparado com outros estados porque temos muita gente morando longe, é muito espalhado. E o surpreendente é que quando você vê a tarifa do usuário, é uma das mais baixas do Brasil. O custo de operar transporte em Brasília é mais caro do que de outras capitais e a tarifa é mais baixa, então essa é a razão do subsídio.”
Wagner Colombini
presidente Logit

“A tarifa técnica em Brasília é mais alta do que comparado com outros estados porque temos muita gente morando longe, é muito espalhado. E o surpreendente é que quando você vê a tarifa do usuário, é uma das mais baixas do Brasil. O custo de operar transporte em Brasília é mais caro do que de outras capitais e a tarifa é mais baixa, então essa é a razão do subsídio.”

A diferença entre o que o passageiro paga na catraca e o o valor da tarifa técnica é repassado pelo GDF às empresas de ônibus.

Colombini contou que a primeira fase do edital foi feita com base em dados superestimados, mas que a parte final foi feita a partir de informações do Sistema de Bilhetagem Automática. “Não tínhamos acesso ao SBA, na hora de extrapolar para o ano ficou superestimado, isso na primeira fase”, disse.

“O edital foi emitido uma vez e daí o TCU segurou para analisar e, nesse processo, o pessoal que opera disse que os valores eram irreais, daí fomos verificar e tivemos acesso ao SBA e daí verificamos que tinha sido superestimada a quantidade de viagens/ano.”

O consultor disse que em 2013 deveria ter havido um aumento na tarifa de 15% do passageiro para haver um equilíbrio econômico financeiro. “Não houve aumento em 2013, em 2014 também não houve”, declarou.

“O custo continua subindo, tem dissídio, os valores vão aumentando, principalmente da mão de obra. Você não pode penalizar o operador, senão ele vai falir, daí você tem que garantir o contrato no sentido de garantir que o operador tenha condição de se desenvolver, tenha condição de prestar o serviço.”

Uma das irregularidades apontadas na licitação pela procuradora do MP de Contas Márcia Farias foi o sigilo imposto pela Secretaria de Transportes da gestão anterior ao “orçamento detalhado e aos dados necessários aos memoriais de cálculo e à aferição da regularidade da tarifa técnica e do número de embarques e, em última instância, do próprio valor da licitação, de R$ 7,8 bilhões”.

Colombini disse que nunca foi informado de que os dados eram sigilosos e que desconhece o fato de terem imposto sigilo sobre a memória de cálculos. “Não tenho ideia porque foi dada essa informação. A memória de cálculo é feita a partir da quantidade de veículos, da quantidade de funcionários e quilometragem. Isso é um assunto em âmbito do governo, nem fiquei sabendo que falaram que era sigiloso. O modelo estava aí, se era para distribuir ou não eu já não sei.”

O consultor prestou depoimento depois que o atual diretor-geral do DFTtrans, Léo Carlos Cruz, falou por mais de três horas aos parlamentares. Durante a oitiva, Cruz disse que solicitou apoio da Logit para ajudar o governo a retomar o projeto da licitação.

Depoimento do diretor-geral do DFTrans Léo Carlos Cruz À CPI dos Transportes (Foto: Isabella Calzolari/G1)Depoimento do diretor-geral do DFTrans Léo Carlos Cruz à CPI dos Transportes (Foto: Isabella Calzolari/G1)

“Eu venho de um sistema que é totalmente troncoalimentado, aqui existem características da região que dificultam um pouco. O projeto previa isso, mas com estrutura para fazer integração e isso demanda tempo e dinheiro. A característica de Brasília me surpreendeu porque a maioria dos terminais é ponto final de linha e não ponto intermediário de linha”, falou Cruz.

Colombini declarou que o edital previa 31 terminais para realizar a integração do sistema. “A gente precisa ter um sistema mais otimizado porque tem potencial para ter custo mais elevado porque é tudo espalhado, então tem que trabalhar de um jeito para troncoalimentar, usar veículos maiores e baixar o custo. Brasília precisava ser mais compacta, onde tem corredores tem que densificar para as pessoas conseguirem ir a pé e pegar o ônibus e não incentivar o espalhamento na cidade.”

Fonte: G1

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