Da redação
Estudantes da rede pública do Distrito Federal estão encontrando no projeto Afrocientistas uma oportunidade de fortalecer suas identidades e celebrar suas raízes. Desenvolvido pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) e coordenado localmente pela Universidade de Brasília (UnB), o programa é acompanhado pela Secretaria de Educação do DF (SEEDF) e visa fomentar uma educação antirracista.
Um espaço de reflexão e reconhecimento
No Centro Educacional (CED) 01 do Riacho Fundo II, onde mais de 63% dos estudantes se identificam como negros, o projeto tem causado impacto significativo. Júlia Brandão, de 17 anos, compartilhou sua experiência: “Eu me enxerguei como uma mulher preta. Durante uma roda de conversa, recebemos elogios que reforçaram a alegria de sermos quem somos”.
O programa já resultou em diversas produções, incluindo crônicas, vídeos e livros, abordando a contribuição afro-brasileira para a sociedade. Para William Rosa, de 18 anos, o Afrocientistas representa mais do que um projeto escolar: “É um espaço onde somos abraçados não apenas como alunos, mas como pessoas negras”.
Educação antirracista ganha força no DF
Dados do EducaCenso apontam que 45% dos estudantes da rede pública do DF se autodeclaram pretos ou pardos. Ciente dessa realidade, o Governo do Distrito Federal, por meio da Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral, está elaborando um protocolo para consolidar práticas educacionais antirracistas.
A diretora de Serviços de Apoio à Aprendizagem, Patrícia Melo, explica: “Não basta não ser racista, é preciso educar nossas crianças e jovens para serem antirracistas”. Ações incluem a distribuição de cadernos pedagógicos e a promoção de fóruns e formações para educadores.
Transformação pela arte e cultura
Além das rodas de conversa, oficinas de arte têm sido ferramentas poderosas de expressão. Marcos Vinícios Gomes, que lidera uma oficina de dança, ressalta o papel transformador da arte: “A dança permite transmitir mensagens de maneira acessível, promovendo a cultura afro-brasileira”.
O projeto é também um espaço de acolhimento. Matheus Miranda, de 18 anos, relata: “Compartilhar experiências com outros jovens negros me mostrou que não estamos sozinhos nessa luta”.
Com iniciativas como o Afrocientistas, a rede pública do DF dá passos importantes rumo à valorização da diversidade e à promoção de uma sociedade mais inclusiva.