Rollemberg e Joe Valle autoavaliam suas gestões e anunciam planos futuros

Em guerra aberta desde a semana passada, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), dedicaram a quarta-feira para apresentar as principais ações na condução do Executivo e Legislativo locais. Prováveis concorrentes nas próximas eleições, eles prestaram contas de suas gestões e anteciparam as principais pautas de 2018.

Na votação do orçamento do próximo ano, ambos trocaram farpas publicamente. Após ter uma emenda de R$ 1,2 bilhão rejeitada pelos distritais, Rollemberg divulgou nota afirmando que o resultado da votação aconteceu em razão de “desejos eleitorais inconfessáveis”. Valle reagiu da tribuna da Câmara afirmando que o socialista não sabe dialogar e o acusou de “coronelismo”.

À época aliado de Rollemberg, Valle se licenciou do mandato de distrital em outubro de 2015 para assumir a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Ele permaneceu à frente da pasta até julho de 2016, quando a relação entre os dois começou a se desgastar.

As divergências aumentaram no fim do ano passado, durante a eleição para a Presidência da CLDF. Diante do anúncio da candidatura de Valle, Rollemberg decidiu apoiar Agaciel Maia (PR), que perdeu a disputa. Os dois romperam definitivamente após o PDT anunciar que deixaria a base aliada do GDF, em outubro último.

Rollemberg e Valle prestam contas

Faltando um ano para o fim de seu mandato e de olho na reeleição, Rodrigo Rollemberg ressaltou que a saúde continua sendo o principal desafio do seu governo. Ontem, ele resumiu os três anos à frente do Executivo e destacou que o período foi marcado, principalmente, pelo esforço em reequilibrar as contas públicas. Segundo ele, nos três primeiros anos de governo foram investidos R$ 2,5 bilhões em melhorias no Distrito Federal e a previsão é de que mais R$ 1,5 bilhão seja gasto no próximo ano.

Entre as ações realizadas, o socialista destacou a desobstrução da orla do Lago Paranoá, a universalização da educação infantil e a desativação do lixão da Estrutural como marcos de seu mandato e admitiu que o investimento na saúde precisa ser prioridade. Para 2018, está prevista a inauguração do Hospital da Criança e mudanças no modelo administrativo do Hospital de Base.

Ele disse contar com a aprovação, pela Câmara Legislativa, da emenda de R$ 1,2 bilhão economizado com a Reforma da Previdência para contratar concursados na área da Saúde. “Saindo da Lei de Responsabilidade Fiscal e com a aprovação da emenda, em 15 de janeiro, nosso objetivo e contratar milhares de servidores da saúde para abrir os leitos hospitalares que se encontram fechados por falta de pessoal”, adiantou.

O dinheiro é uma economia fruto da fusão dos fundos de previdência, aprovada em setembro. Segundo o governador, a medida foi fundamental para colocar as despesas do GDF em dia. “2017 foi um ano difícil, mas que conseguimos superar os desafios. Especialmente com a aprovação da reestruturação da Previdência, que vai permitir ao governo garantir todos as suas obrigações em dia, como o pagamento do salário de servidores e terceirizados, dos prestadores e fornecedores de serviços e recuperando a sua capacidade de investimento”, comemorou.

Crise hídrica

A crise hídrica também foi tema do balanço, com destaque para a entrega da obra de captação de água no Lago Paranoá e do Sistema Bananal, além dos R$ 275 milhões investidos em Corumbá IV. De acordo com Rollemberg, a parte de responsabilidade do DF está com mais de 70% da obra concluída — o projeto é executado em parceria com o Governo de Goiás. “As nossas represas estão subindo, a barragem do Descoberto já bateu os 20%. Tem a contribuição das chuvas e uma contribuição muito grande dos investimentos feitos pelo GDF, que está fazendo com que essas novas captações estejam levando água para cidades antes abastecidas pelo Descoberto.”

Após um ano de embates com a Câmara Legislativa, Rollemberg aproveitou para alfinetar os distritais da oposição. “Para que a gente pudesse chegar ao fim do ano com equilíbrio econômico e financeiro, contamos com o apoio dos deputados da base, que apoiaram medidas importantes. Agradecemos aos deputados que tiveram sensibilidade, compreensão e espírito público e votaram a favor dessas medidas.”

Na área de mobilidade, o governador disse que as mudanças na Saída Norte — que incluem a construção do Trevo de Triagem Norte e a ligação Torto-Colorado — vão beneficiar mais de 100 mil motoristas diariamente. O investimento total é de R$ 207 milhões. A previsão é de que os acessos sejam entregues até o fim de 2018. Promessa de campanha em 2014, Rollemberg ressaltou a implementação do Bilhete Único e o recente anúncio da instalação de equipamentos biométricos em ônibus que possibilitam a identificação dos passageiros, reduzindo a possibilidade de fraude.

Transparência e economia

Sem poupar críticas ao governador Rodrigo Rollemberg, o presidente da Câmara Legislativa (CLDF), Joe Valle , assumiu estar “na fila” pela disputa do Palácio do Buriti, durante a apresentação do relatório de ações da Casa em 2017, ontem.
À frente da CLDF desde janeiro, Valle disse ter adotado medidas que aumentaram a transparência dos trabalhos e a participação da população nos debates sobre propostas. O pedetista, inclusive, anunciou que a TV CLDF, criada para transmitir as sessões e audiências públicas, deve voltar a funcionar em fevereiro — uma antena necessária para reestabelecer o sinal está em processo de compra.
Promessa de campanha na disputa pela Presidência da CLDF, o distrital também destacou ações voltadas à redução dos gastos da casa. De acordo com ele, houve economia de 16,3% nos ressarcimentos de verba indenizatória, correspondente ao valor de R$ 478 mil. Ainda assim, os gastos continuam altos. Entre janeiro e novembro, os distritais torraram R$ 2.449.154,52 com a cota parlamentar.
As despesas com correspondência foram reduzidas em 88,2%, o que significa uma economia de R$ 628 mil. A contenção começou após o Correio publicar reportagem, em fevereiro, com o detalhamento dos envios de cartas. Em 2016, época em que Joe Valle ainda não ocupava a Presidência da Casa, as correspondências custaram aos cofres públicos R$ 3,1 milhões.

Impunidade

Ao ser eleito presidente do Legislativo, Joe Valle afirmou que a Casa passaria por um processo de “ressignificação”. No entanto, a falta de rigor e a demora na análise de denúncias contra distritais não mudou. Só neste ano, os deputados arquivaram processos por quebra de decoro parlamentar contra Celina Leão (PPS), Bispo Renato Andrade (PR), Cristiano Araújo (PSD), Julio Cesar (PRB), Raimundo Ribeiro (PPS) e Sandra Faraj — todos respondem a processos na Justiça. A Mesa Diretora não deu andamento ao pedido de cassação de Liliane Roriz.

“Demos prosseguimento a dois pedidos. Uma em conjunto de pessoas que foi arquivado e o segundo foi para o corregedor e, depois, para o Conselho de Ética. Avançamos em algumas coisas. A minha posição pessoal é sempre pelo prosseguimento, mas é um órgão colegiado. As votações na mesa diretora acontecem e na admissibilidade ou é arquivado ou prossegue”, justificou-se.

O pedetista aproveitou a oportunidade para a criticar a gestão de Rollemberg, que ele definiu como “desorganizada”. Disse manter uma relação “institucional” com o governador e admitiu que a “temperatura deve aumentar” com a proximidade das eleições. “Acho que ele se perdeu. Por isso eu não estou mais ajudando ele e nem quero mais ajudá-lo a governar”, declarou, referindo-se ao período em que e se licenciou do mandato de distrital para assumir a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos entre outubro de 2015 e julho de 2016.

Cotado para a disputa pelo Palácio do Buriti, o pedetista admitiu a pretensão de participar da corrida eleitoral, mas foi cauteloso. “Eu estou na fila. Mas essa fila vai andar no momento necessário. Isso é uma coisa importante que aprendi na política. O Jofran (Frejat) está na minha frente e o próprio governador, também”, revelou ao dizer que depende da decisão do seu partido. A sigla aguarda as costuras nacionais para definir o posicionamento local.

Fonte: CB

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