Eduardo Cunha (PMDB-RJ) diz que a ruptura do partido de Dilma com o PMDB teria “sido melhor”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), insinuou ontem o fim da aliança com o PT. Segundo ele, o PMDB “está cansado de ser agredido constantemente”. “Talvez tivesse sido melhor que eles aprovassem no congresso o fim da aliança. E não sei se num congresso do PMDB terão a mesma sorte”, escreveu Cunha. A referência é ao 5º congresso do PT, que se encerrou no último sábado, em Salvador. Correntes minoritárias do PT apresentaram a sugestão de rompimento da aliança com os peemedebistas, que acabou rejeitada. O próprio presidente da Câmara foi alvo de críticas, inclusive com direito ao refrão “Fora, Cunha!” sendo gritado por militantes.
Cunha também atacou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). Na capital baiana, Zarattini caracterizou Cunha como um “oportunista de ocasião”. “Tivemos uma política de 12 anos vitoriosa. Não é porque agora um oportunista de ocasião, como surgiram muitos na história, conseguiu se alçar à Presidência da Câmara, que vamos mudar a política por conta dessas pessoas”, disse ele. Cunha criticou a mudança de postura de Zarattini em relação ao fator previdenciário, durante a votação da Medida Provisória nº 664 do ajuste fiscal. Na ocasião, Zarattini acabou apoiando em plenário a emenda que flexibilizava as regras do fator, depois de excluí-la do relatório da MP, elaborado por ele. “Ele rejeitou a emenda (no relatório), e, no plenário, votou a favor. E acabou tendo de deixar a vice-liderança do governo. Quem é então o oportunista de ocasião?”, disse.
“No momento, temos compromisso com o país e a estabilidade, mas isso não quer dizer que vamos nos submeter à humilhação do PT. E realmente ficaria preocupado se eles me aplaudissem, porque seria sinal que eu faria tudo errado”, escreveu Cunha. “E mais uma vez agradeço as hostilidades. Se estão com raiva da pauta (de votações), busquem debater e convencer das suas posições, em vez de agredir. Aliás, as críticas que recebo porque estamos pautando, debatendo e votando matérias que estão há anos na gaveta não são justas”, disse Cunha.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, Cunha já havia afirmado que não acreditava que a aliança do PT com o PMDB chegasse a 2018. O presidente da Câmara também foi enfático ao defender a permanência do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), como articulador político do governo. “Havendo ruptura desse processo com o Michel, haverá ruptura do PMDB com o governo. Isso é inevitável. Na hora em que o Michel for sabotado e confrontado no processo (…) não tem razão nenhuma de o PMDB ficar no governo.” Ao longo das últimas semanas, petistas teriam questionado a permanência de Temer como articulador político do governo, passadas as votações do ajuste fiscal no Congresso.
Fonte: Correio Braziliense