O segredo das campanhas de baixo custo

Segundo vereadores eleitos, trabalho voluntário de eleitores compensa o orçamento reduzido no período eleitoral.

Alguns candidatos vitoriosos em Curitiba este ano provaram que é possível ocupar uma vaga na Câmara Municipal mesmo com baixo investimento. Três dos vereadores eleitos que menos gastaram durante a campanha eleitoral de 2012 apontam seu trabalho em comunidades, grupos religiosos e contato direto com a população como fatores decisivos na vitória.

Análise

Redes de apoio dos candidatos são fundamentais

De maneira geral, o dinheiro utilizado na campanha dos candidatos de orçamento modesto segue o mesmo destino dos que gastaram mais: publicidade e transporte são despesas presentes nos dois extremos. A exceção fica a cargo dos prestadores de serviço, despesa de destaque na prestação de contas dos maiores investidores. Qual seria, então, o diferencial das campanhas de baixo custo?

O professor de Ciência Política da Uninter, Luiz Domingos Costa, explica que geralmente há associação positiva entre receita e desempenho. Porém, as redes de apoio dos candidatos têm papel fundamental na escolha do eleitor. “Depende da utilização dos recursos de exposição do nome, de um background popular em volta do candidato. Os que gastam mais também têm uma rede de afinidade, mas é preciso investir dinheiro para isso”, diz. Por outro lado, alguns dos concorrentes já participam de comunidades próprias e têm apoio gratuito, antecedente ao período eleitoral. Grupos e causas específicas de atuação também fazem diferença. “Causas de gênero e meio ambiente, por exemplo, têm uma facilidade maior para se espalhar, e não são tão caras. Apoio político e comunitário também ajudam”, explica Costa.

Noemia Rocha (PMDB), Carla Pimentel (PSC) e Professor Galdino (PSDB) gastaram juntos apenas R$ 30.478,48, de acordo com as prestações de contas finais disponibilizadas no site Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso representa 6% das despesas de Bruno Pessutti (PSC), o candidato eleito o maior gasto: aproximadamente R$ 486 mil.

A vereadora reeleita com 8.132 votos Noemia Rocha ocupa a 12ª posição entre os mais votados e gastou R$ 7.994,00. Ela atribui o resultado ao trabalho de voluntários e um eleitorado fiel. “Visitei as 167 igrejas Assembleia de Deus na cidade, pedindo voluntários. Expliquei que nas campanhas anteriores havia condições de remuneração, mas neste ano, não. E mesmo assim eles vieram comigo”, diz.

Carla Pimentel, que conquistou 4.167 votos, também destaca o trabalho de voluntários na campanha. “As pessoas que ajudaram estavam envolvidas com a ideologia e acreditaram no trabalho”, conta.

Com uma tradição de campanhas de baixo custo – em 2008, gastou R$ 700 – o vereador reeleito Professor Galdino teve gastos totais de R$ 13.478,94 em 2012. Apesar do aumento nas despesas, Galdino afirma que mantém a mesma estratégia de campanha. “Faço questão de fazer a campanha com o menor valor possível, para provar que meu trabalho dá resultado.” A campanha dele se concentrou basicamente em passeios de bicicleta e pequenos discursos no centro da cidade. Galdino teve apoio de dois voluntários e apenas um funcionário, que ele chama de “pedalador”, o acompanhou até o final da campanha.

Na quarta posição entre as campanhas mais baratas dos eleitos, Geovane Fernandes (PTB), teve despesas de R$ 14.113,48 no período eleitoral. “Eu e minha esposa fazemos parte das pastorais das igrejas. A campanha foi de baixo custo porque teve apoio de amigos e voluntários”, conta.

R$ 3.865.801,27 foi o custo total da campanha dos 38 vereadores eleitos em Curitiba este ano tiveram.

Fonte: Gazeta do Povo

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