A democracia ganhou dos “postes”

“De poste em poste vamos iluminar o Brasil inteiro.”
Luiz Inácio Lula da Silva

A extrema soberba contida na afirmação do ex-presidente foi pulverizada pelos resultados da última eleição, para felicidade geral da democracia brasileira.

É bem verdade que Haddad, o “poste” maior, iluminou-se nas trevas da política paulistana. Mas isso ocorreu mais por falhas nos geradores de marketing político dos adversários, do que pela força motriz do apoiador.

Começou com a queda de energia de Russomano que, no bojo de uma campanha absolutamente inconsistente, imaginou que se manteria iluminado sem apresentar propostas, sem apontar um caminho claro para os graves problemas da cidade que imaginava gerir. Não é dando tchauzinho e abraçando pessoas que se ganha eleição.

Continuou no segundo turno com o envelhecido jeito tucano de apresentar o candidato sob as luzes de moderníssimas estruturas de produção de TV, mas carente das iluminuras que só uma competente estratégia de marketing político pode produzir. É o próprio senador Aloysio Nunes, fiel escudeiro de Serra, quem reconhece, em respeitosa autocrítica, que a derrota ocorreu por “negligência política” do PSDB. Bem parecido com o que se falou após as derrotas de 2002, 2006, 2008 e 2010.

E acabou com Haddad, jeitão de bom moço, ganhando de presente um lugar no segundo turno para, em seguida, mostrar uma presença competente, sob refletores bem ajustados. As circunstâncias ajudaram muito. E mais uma vez se comprova que um apoiamento é importante para o primeiro empuxo mas, quando o “poste” fica de pé, o apoiado tem que se mostrar capaz de permanecer ereto sozinho.

Não foi o que aconteceu Brasil afora, com massacrantes derrotas nas principais capitais do Nordeste e em cidades estrategicamente importantes, como Campinas, onde o ex-presidente soltou a bravata iluminatória, para depois ver o “poste” local ficar às escuras, em derrota acachapante.

Contribuímos pessoalmente para a derrubada de um desses candidatos em Cascavel, no Paraná, onde Lula também aparecia diariamente na TV, com mensagens diretas para o público da cidade. Uma cena preocupante, derrotada pela apresentação de uma alternativa melhor, perante a deficiente luz que emanava da luminária petista.

Ganhou em geral a democracia brasileira, que não se permitiu retornar à época dos currais eleitorais, agora modernizados com a chegada da energia elétrica a todos os rincões da pátria. Para recebê-la não basta ter um “poste”; tem que ter alguém que saiba acender a luz.

*Chico Santa Rita, consultor em marketing político, dirigiu equipes nas cidades de Paulínia-SP, Itu-SP, Campo Grande-MS (1º. turno) e Cascavel-PR (2º turno).

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