A resposta a esta pergunta é afirmativa. Tanto o candidato derrotado como o vitorioso têm muito a ganhar com uma pesquisa pós-eleição.
É claro que o candidato derrotado terá maiores dificuldades para fazer a pesquisa que o vencedor. Terá menor motivação, verá menos utilidade, e dificilmente contará com os recursos necessários. Assim mesmo, se tiver a chance, deve fazer.
O eleito deve saber quais são as expectativas dos eleitores em relação ao seu futuro governo
Já insistimos que o candidato derrotado tem um compromisso consigo mesmo e com sua campanha: tentar entender as razões da derrota. A pesquisa é o mais adequado instrumento para este objetivo.
Já o candidato vitorioso, deve necessariamente fazer pesquisa. Sobra-lhe motivação, necessidade e não deverá ter dificuldades de conseguir os recursos para financiá-la. No seu caso, mais que entender as razões da vitória, interessa-lhe conhecer os sentimentos dos eleitores, depois de definida a eleição.
O “foco” agora muda. O que lhe interessa saber dos eleitores são questões como as expectativas que têm em relação ao seu governo, a reação aos seus pronunciamentos e ações, a sua imagem após a vitória, a receptividade em relação aos nomes cogitados publicamente para integrar a sua equipe, as prioridades que o eleitor elege para seu governo, entre outras questões.
Seu objetivo central, que unifica todas estas dimensões de investigação, é o de começar bem seu governo, respaldado pelo apoio do eleitorado, que deve conferir-lhe uma popularidade e aceitação bem maior do que a obtida na eleição.
Avalie também a reação de grupos de eleitores de outros candidatos em relação a você
Que pesquisa fazer?
Deve-se fazer não uma pesquisa, e sim uma combinação de uma pesquisa de survey (quantitativa) com um questionário alentado e uma amostra robusta com algumas rodadas de pesquisas qualitativas adotando filtros diversificados. Assim, seria interessante avaliar a reação de grupos de eleitores de outros candidatos em relação a você depois de vencida a eleição, por exemplo. Ou ainda, em função da expectativa que têm com referência ao seu governo. Com este conjunto de informações na sua mão, você sentir-se-á muito mais seguro para tomar decisões na fase de transição, que vão encaminhar o início do governo. Além dessa função, esta rodada de pesquisas quantitativa e qualitativa funcionará também como o “marco zero” da sua administração. As demais pesquisas que você vier a fazer terão nesta o seu marco de referência para comparações.
Quando fazer?
Nem imediatamente após os resultados, nem imediatamente antes de assumir as novas funções. Entre estas duas datas, mais próximo da posse do que da eleição. Se a pesquisa for feita imediatamente após a eleição ela pode ficar “contaminada” pelos sentimentos desencadeados pelos resultados e refletir um estado de espírito passageiro e instável.
Também não é aconselhável (embora não seja tão grave) que seja feita imediatamente antes da posse. Nas pesquisas buscamos sempre captar sentimentos e opiniões mais sólidas e duradouras. Deve-se, portanto, sempre evitar a realização da pesquisa na ocasião da ocorrência de qualquer evento que mobilize sentimentos transitórios, embora fortes, para evitar a contaminação.
Fonte: Política para Políticos