Distritais deixam o plenário para evitar medida que abriria as portas à contratação de servidor no Metrô.
O Executivo conseguiu, ontem, retirar do Plenário da Câmara Legislativa deputados em número suficiente para impedir que fosse derrubado um veto a emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que permitiria a contratação de aprovados em concurso para o Metrô. Com isso, o Buriti mostrou força e a votação foi adiada.
Com as galerias tomadas por pessoas que prestaram o concurso, a sessão chegou a contar com o quórum necessário para a derrubada do veto, mas aos poucos os distritais foram saindo.
“O Executivo pediu que os deputados da base se retirassem. O governo se queima não pelas coisas grandes, mas pelas miudezas, como essa”, diz um dos distritais.
Líder diz que faltou acordo
O líder do governo na Casa, Júlio César (PRB), procurou justificar: “Um dos motivos que levaram a queda do quórum foi que hoje não houve Colégio de Líderes, então não havia acordo”.
Apesar da afirmação do líder, a vice-presidente da Casa, Liliane Roriz (PRTB), que conduzia a sessão, consultou os líderes que estavam em Plenário e aprovaram a votação da matéria.
O secretário de Relações Institucionais, Marcos Dantas, responsável pelas negociações políticas entre os deputados e o Executivo, confirmou que houve articulação para que os parlamentares não votassem ainda a derrubada do veto.
“Os deputados entenderam que mesmo que eles derrubassem o veto, não haveria condições financeiras de contratar os aprovados. Não podemos criar uma expectativa de contratar esses aprovados se não temos como fazer isso”, declarou Marcos Dantas. Para ele, caso o veto fosse derrubado abriria brechas para outras áreas serem beneficiadas.
Oposição critica
Deputados da oposição criticaram a atitude do Executivo dentro da Câmara Legislativa.
“Houve uma manobra clara do governo para retirar os deputados da base para evitar a queda do veto. É lamentável esse tipo de manobra e esperamos que na próxima sessão possamos votar”, protestou Wellington Luiz (PMDB).
CPI fixará hoje cronograma de seus trabalhos
Os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito do Transporte (CPI do Transporte) da Câmara Legislativa definirão, na tarde de hoje, o cronograma de trabalho para o início das investigações. Apesar de oficialmente os trabalhos não terem começado, a CPI começou a receber material, como uma gravação que indicaria nomes de envolvidos em irregularidades na licitação que renovou o sistema público de ônibus do Distrito Federal.
O planejamento de trabalho será entregue pelo relator da CPI, deputado Raimundo Ribeiro (PSDB).
O presidente da CPI do Transporte, Bispo Renato Andrade (PR), adiantou que o primeiro passo da comissão deverá ser o envio de requerimentos para a coleta de informações.
“Vamos enviar requerimentos pedindo aos órgãos do governo, ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público do Distrito Federal informações sobre o processo licitatório e, a partir daí, começar a convocar as pessoas que deverão ser ouvidas”, afirma Bispo Renato.
Ainda faltam nomes
O presidente da CPI conta que, ontem, chegou a informação de que uma gravação contendo conversa de possíveis envolvidos em irregularidades na licitação dos transportes, foi entregue à Câmara Legislativa. Segundo Bispo Renato, ela ainda não foi ouvida e, por isso, não se pode adiantar nomes apontados.
“Ainda não podemos falar sobre nomes. Vamos analisar primeiramente se essa gravação é legal, se foi autorizada pela Justiça. Precisamos ter cautela”, declara Renato Andrade.
Fonte: jornaldebrasilia.com.br