
Operação Desfaçatez ocorreu neste domingo (20). Organização criminosa também incentivava maus-tratos a animais e automutilação e articulavam práticas de radicalismo religioso
A Polícia Civil do Rio de Janeiro, com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), deflagrou, neste domingo (20/4), a Operação Desfaçatez, com o objetivo de desarticular um núcleo criminoso que atuava em ambientes virtuais promovendo radicalização, maus-tratos a animais, incentivo à automutilação e o planejamento de atos violentos.
Um dos crimes seria o ataque a um homem em situação de rua, no Rio de Janeiro, neste domingo. Três pessoas investigadas foram detidas. Os mandados foram cumpridos em Vicente de Carvalho, na Zona Norte da capital, e Bangu, na Zona Oeste. Segundo as investigações, o núcleo da organização pretendia cometer o assassinato de forma brutal, com a transmissão ao vivo pela internet.
A ofensiva é fruto de acompanhamento do Ciberlab, que identificou a participação de adolescentes e adultos em grupos públicos de aplicativos de mensagens e redes sociais.
Nesses ambientes, os investigados articulavam práticas de extrema crueldade, associadas a discursos de ódio, simbologias extremistas, radicalismo religioso e outras manifestações de extremismo. O Ciberlab integra a Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi), da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).
As investigações revelaram que o grupo atuava de forma coordenada, disseminando conteúdo violento e promovendo apologia a crimes com a automutilação coletiva de meninas, crueldade contra animais e incitação ao extremismo religioso. Os três homens detidos neste domingo são apontados como líderes do grupo e executores da comunidade criminosa virtual.
Um dos presos, Bruce Vaz de Oliveira, se apresenta em redes sociais como ativista ambiental, mas, segundo as investigações, organizou sessões de tortura a gatos e transmitiu pelo Discord. Um dos felinos teve a pele retirada até a morte.
“Se dizia ativista de proteção de animais da ONU e mediador de conflitos em países do Oriente Médio em guerra. Passava completamente despercebido de todos”, disse o secretário de Polícia Civil do RJ, delegado Felipe Curi, ao portal G1.
“Ele adotava animais e fazia a dissecação desses animais ao vivo na plataforma Discord. E temos um documento do governo americano dizendo que ele faz parte de uma célula terrorista. Um verdadeiro psicopata”, acrescentou.
Também foram detidos Kayke Sant Anna Franco e Caio Nicholas Augusto Coelho.
A ação contou com apoio do Núcleo de Observação e Análise Digital da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SP).
Desfaçatez
O nome da operação, Desfaçatez, refere-se à dissimulação e ao descaramento com que os investigados mantinham uma imagem pública de respeito à vida, ao meio ambiente e à ética, enquanto nos bastidores digitais atuavam com crueldade, intolerância e perversidade. A escolha do nome destaca o contraste entre a fachada de ativismo e a realidade de crimes extremos.
As acusações
- Kayke Sant Anna Franco: acusado de maus-tratos a animais, indução à automutilação, estupro, pichação, incitação ao crime e corrupção de menores. Ele teria planejado o assassinato de um homem em situação de rua, programado para ser transmitido ao vivo neste domingo (20).
- Caio Nicholas Augusto Coelho: envolvido em maus-tratos a animais, racismo, corrupção de menores, incitação ao crime e associação criminosa. Caio teria incitado a prática de crimes contra moradores de rua e participado ativamente de eventos de tortura.
- Bruce Vaz de Oliveira: proprietário do servidor onde os crimes eram realizados, acusado de maus-tratos a animais, corrupção de menores, incitação ao crime e associação criminosa. Ele teria liderado eventos de tortura e morte de animais, incitando outros membros a participarem.
Fonte: Agência GOV