A eleição do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto para a prefeitura de Salvador, neste domingo (28), significou não só uma sobrevida para seu partido, o DEM, mas uma derrota tripla do PT: da própria presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador Jaques Wagner (PT), que, pessoalmente, jogaram tudo o que podiam para ajudar o petista Nelson Pelegrino. Wagner usou tanto a máquina do governo do Estado em favor de Pelegrino que a Justiça chegou a proibir a veiculação de propagandas de suas obras em Salvador. Numa última tentativa de dar a mão ao aliado, Wagner chegou a tirar a Bahia do horário de verão, mudança de horário muito impopular entre a população baiana.
Com a eleição de ACM Neto, com 53,5% dos votos, a oposição passa a governar o terceiro maior colégio eleitoral do País (1.881.544 eleitores), e o DEM fica muito maior do que entrou.
“Sofremos o maior ataque da história recente dos partidos, ataque esse liderado por Gilberto Kassab. Tudo isso com o apoio do governo e do PT. E não nos destruíram”, comemorou o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN). “A importância da minha eleição não é para o DEM, é para Salvador – a terceira maior cidade do Brasil e a maior do Nordeste. Então, o resultado tem peso nacional”, disse ACM Neto.
A vitória do neto do ex-senador Antonio Carlos Magalhães representa também o ressurgimento do carlismo, mas um pouco diferente, visto que ele não é partidário da chamada “política do chicote”, adotada pelo ancestral. Mas a prefeitura vai projetá-lo para projetos futuros, como candidaturas a governador e até a presidente pela oposição.
Em entrevista após o anúncio do resultado, ACM Neto disse que vai procurar uma relação harmoniosa com o governo federal e com o governo estadual. “Vou procurar o governador e dizer que o prefeito eleito de Salvador saiu do palanque. Quero uma parceria de trabalho construtivo. Falei com o vice-presidente Michel Temer para que ele seja porta-voz da prefeitura de Salvador. Vou me reunir com ele na próxima semana.”
Nelson Pelegrino, que começou a campanha muito atrás de ACM Neto, chegou a equilibrar a disputa. Para ele, suas maiores dificuldades foram duas greves de mais de cem dias deflagradas pela Polícia Militar e pelos professores estaduais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
JOÃO DOMINGOS E TIAGO DÉCIMO – Agência Estado