Por ampla maioria (241 votos favoráveis, 43 contrários e uma abstenção), o PSB-DF decidiu que não participará mais do Governo do Distrito Federal. O PSB ocupa no GDF a direção da Secretaria de Estado de Turismo (Setur), da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), da Administração Regional do Lago Norte, da Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF).
Em nota pública, divulgada neste sábado (8), durante plenária regional, o partido afirma que adotará uma posição política de independência em relação à administração distrital. No documento, a Executiva alega algumas razões para deixar a base do governo: ausência de diálogo do governo com o PSB; incapacidade do GDF de solucionar problemas graves, especialmente nas áreas de saúde, segurança, educação, transporte, meio ambiente e ciência e tecnologia; e o afastamento do governador Agnelo dos compromissos de campanha e dos aliados históricos.
De acordo com a nota, o PSB deixa o GDF não por causa de um fato isolado, mas pelo conjunto da obra. “Todas as nossas tentativas de reverter o quadro negativo de ineficiência e má gestão, assim como de aplicar políticas coerentes com nossos objetivos programáticos, foram frustradas. Não vemos, neste governo, os valores, os métodos e as políticas que defendemos para o DF”.
Segundo o presidente do partido, Marcos Dantas, a situação estava insustentável e a decisão de deixar a base do governo foi tomada depois de uma grande reflexão com todos os militantes. “O governador não vem cumprindo os seus compromissos de campanha e em nenhum momento convidou o PSB para participar do núcleo político de decisões do GDF. É chegada a hora de construir o nosso futuro”.
Na plenária, o senador Rodrigo Rollemberg elogiou o trabalho dos socialistas no governo, mas acredita que o PSB deve, no momento, construir com outros partidos e com a sociedade uma alternativa nova para o DF. “Ao sair do governo, teremos independência para com muita tranquilidade e firmeza, e colocando os interesses da população em primeiro lugar, apontar os defeitos do governo e construir um novo projeto para o DF”.
O deputado distrital Joe Valle salientou que já havia percebido a vontade dos militantes socialistas de sair do governo. “Essa decisão foi tomada por ampla maioria e eu vou ratificá-la. Continuarei trabalhando, na Câmara Legislativa, para ter um partido preparado para governar o Distrito Federal”, ponderou.
Leia a íntegra da nota:
JUNTOS PELO DF
O Partido Socialista Brasileiro do Distrito Federal – PSB-DF decidiu hoje, em sua Plenária Regional, que não mais participará do Governo do Distrito Federal. Assumimos assim posição de total independência em relação à administração distrital. A decisão foi tomada após a realização de 15 plenárias zonais do partido, nas quais o afastamento foi intensamente debatido por proposta da comissão executiva regional.
O PSB participou, com PT, PMDB e PDT, da chapa majoritária, denominada “Novo Caminho”, que em 2010 elegeu Agnelo Queiroz para governar o Distrito Federal. Nosso propósito comum era superar um período extremamente negativo para o DF e construir o tão esperado novo caminho, que representasse novos métodos administrativos e políticos e a execução competente de políticas públicas que efetivamente beneficiassem a população brasiliense.
No entanto, ao longo do mandato, o governador foi paulatinamente se afastando dos compromissos de campanha e dos aliados históricos, estabelecendo acordos condenáveis com forças que representam o velho estilo de fazer política e de administrar o DF. O novo caminho vem mostrando a retomada de velhos caminhos, que a população brasiliense rejeitou categoricamente nas eleições de 2010. Em busca de uma ampla e heterogênea maioria na Câmara Legislativa, o governador aliou-se indiscriminadamente a partidos e a políticos que, ao longo dos últimos 25 anos, têm mostrado só ter compromisso com o patrimonialismo e com práticas atrasadas que levam à ineficiência administrativa do Estado e a ações condenáveis na gestão pública.
O PSB tinha a expectativa de que participaria efetivamente das decisões de governo, mas viu seus quadros serem marginalizados do poder, assim como ocorreu com o PDT, em favor dos que consideramos adversários políticos de nosso programa. O que se percebe no governo é a concentração do poder nas mãos de poucas pessoas, a falta de diálogo com os movimentos sociais e com a sociedade civil, a ausência de transparência e a incapacidade administrativa para solucionar problemas graves, especialmente nas áreas de saúde, segurança, educação, transporte, meio ambiente e ciência e tecnologia.
O PSB-DF reconhece o esforço e o desempenho de seus quadros à frente das Secretarias de Turismo e de Agricultura e da Administração do Lago Norte, mas entende que não há mais condições políticas para permanecer no governo. Todas as nossas tentativas de reverter o quadro negativo de ineficiência e má gestão, assim como de aplicar políticas coerentes com nossos objetivos programáticos, foram frustradas. O PSB deixa o GDF não por causa de um fato isolado, mas pelo conjunto da obra. Não vemos, neste governo, os valores, os métodos e as políticas que defendemos para o DF.
O PSB se propõe, junto com a população e com os partidos de esquerda, a discutir amplamente e formular alternativas que resgatem nossas propostas comuns para o Distrito Federal e assegurem melhores condições de vida à população do DF.
Partido Socialista Brasileiro do Distrito Federal