Possíveis adversários podem se tornar aliados ou não; tudo depende dos acontecimentos. Governador Agnelo Queiroz torce para que Tadeu Filippeli, Paulo Octávio e Gim Argello não o abandonem.
Os últimos 15 dias serviram como termômetro para avaliar — caso o governador Agnelo Queiroz continue amargando números ruins em sua popularidade — o que vem por aí na disputa pela cadeira do Buriti em 2014. Nessas duas semanas, vários pretendentes ao cobiçado cargo desfilaram pelos blogs, telejornais, rádios e colunas políticas — cada qual a seu modo sinalizando o que pode vir a ser a disputa eleitoral em 2014. O primeiro a fazer barulho foi o empresário e ex-vice-governador Paulo Octávio, um “apaixonado por Brasília”, como gosta de dizer. Ele foi, depois do governo local, o que mais homenageou Juscelino Kubitschek, o ilustre fundador da Capital do Brasil.
Perguntado sobre o assunto, ele nega qualquer conotação política. “Todo mundo em Brasília sabe o quanto amo esta cidade e os laços afetivos que unem minha mulher, Cristina, neta de Juscelino, e meu compromisso com o desenvolvimento econômico e social do DF. Meu foco é e sempre será o de manter Brasília em evidência, tanto no Brasil quanto no exterior.”
O fato concreto: mesmo não admitindo, Paulo Octávio deu uma tacada e tanto. Muitas siglas partidárias correram à sua procura querendo tê-lo nos quadros. Modesto, ele disse que é bom ser lembrado, mas ainda está avaliando o momento político. “Tenho tempo.”
Seguindo estratégia diferente, mas com propósitos políticos, o vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) não deixou barato: fez um movimento inteligente no xadrez político do DF convidando Paulo Octávio para filiar-se no PMDB. Mais do que um convite, o simbolismo do gesto mostrou que Filippelli, além de inteligente, sabe transpor para a política os conceitos de engenharia. Também sinaliza que tem um plano B, caso Agnelo não decole. Antes que atirem pedras na tese, não custa lembrar que o PMDB e PT estão decidindo os rumos da aliança na cúpula nacional. Se houver ruídos — leia-se PT — que possam atrapalhar o projeto do PMDB disputar a eleição presidencial em 2018, a legenda lança Filippelli candidato ao governo. Nesta circunstância, Octávio viria para o Senado e Gim para a vice. Impossível? Tudo pode acontecer, inclusive nada disso, mas em política o impossível é logo ali, no final do Eixo Monumental.
Filippelli sabe que precisa ir mais além, buscar nomes que agreguem votos, se necessário for, buscar até adversários da base de Agnelo. Outro ponto forte é que Joaquim Roriz movimenta-se para disputar a cadeira do Buriti, mas ninguém acredita que ele terá fôlego para alcançar este objetivo. O PT vai colocar mil empecilhos nessa trilha, tentando até juridicamente impedir que Roriz registrar chapa.
Pesquisa qualitativa encomendada pelo PMDB aponta que Filippelli pode ter chances reais de ir para um segundo turno, basta negociar o apoio de Roriz e Paulo Octávio e Gim Argello. Projeções indicam que o capital político dos três alcança mais de 30% dos votos válidos. São projeções, mas com um bom trabalho de marketing e a memória de realizações em infraestrutura comandadas por Filippelli no DF, quando era secretário de Roriz, torna-se uma passagem de primeira classe.
Quanto ao senador Gim Argello (PTB), ao contrário do que seus adversários apregoam aos quatro cantos, o plano A e B é a reeleição ao Senado. Gim tem dito a amigos que já tentaram inúmeras vezes desconstruí-lo como político, no entanto, continuou seu “trabalho em prol de Brasília e a região Metropolitana”. Um aliado do senador petebista afirma que esta “onda que circula na mídia, principalmente blogs, de que ele será indicado para a vaga de Valmir Campelo no Tribunal de Contas da União, foi mencionada uma única vez, mas que não foi cogitada por ele”. Pelo sim ou pelo não, Gim trabalha como nunca para costurar apoio ao projeto de reeleição.
Quem convive ou conversa com o senador não vê nele disposição para se tornar um burocrata. Ninguém com um capital político como o dele e com um trabalho parlamentar que já injetou, nos últimos três anos, mais de R$ 17 bilhões no Distrito Federal, deixaria à beira do caminho a possibilidade de ser reeleito ou até mesmo vir a ser governador. É neste potencial que o esperto Filippelli mira. Ou existe alguém melhor do que Gim para liderar o PTB? A pergunta é uma provocação, mas serve de alerta para os que imaginam o senador fugindo da luta. O vice-governador também analisa que, caso Gim e o deputado federal Antônio Reguffe (PDT) disputem a única vaga de senador, Gim teria vantagem no debate. Dificilmente as classes C, D e E entenderiam o discurso de moralidade de Reguffe, voltado mais para a classe média burocrática, de que não destinou um único centavo em emenda parlamentar ou em projeto para ajudar os mais pobres.
Fonte: Jornal Opção