As denúncias de corrupção na Petrobras e a situação do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso pela Operação Lava-Jato, vão permear as discussões de fundo do congresso.
Enfrentando a maior crise da sua história, o Partido dos Trabalhadores se reúne entre os dias 11 e 14 de junho, em Salvador, para a segunda etapa do 5º Congresso Nacional da legenda. A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participam da abertura do encontro, mas não devem permanecer até o final.
Para o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), questões como as denúncias de corrupção na Petrobras e a situação do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso pela Operação Lava-Jato, não serão abordados especificamente no Congresso. No entanto, ele prevê que esses temas vão permear as discussões de fundo durante a reunião.
“Essas operações vão permear as discussões também. Ninguém pode se fingir de morto achando que não há relação com o partido. Agora, não acho que ocorram ações pontuais diretamente relacionadas a essas operações”, observou. Na avaliação de Delcídio, o Congresso vai debater questões como a política partidária, o projeto do PT para o futuro e a relação com o governo Dilma.
Sobre esse último ponto, o líder governista também não se preocupa com a possível aprovação de qualquer deliberação contrária à condução da política econômica do governo, como vem sendo especulado por governistas no Senado. Ele acha que podem surgir divergências em relação as propostas do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mas considera natural isso acontecer.
“O projeto do PT está diretamente ligado ao sucesso do governo. Nós podemos ter divergências em relação às políticas que o governo implementa, mas, sendo o partido da presidente, ele (o PT) não pode dar um tiro no pé”, avalia o líder do governo.
Apesar das críticas de senadores petistas às medidas do ajuste fiscal, aprovadas pelo Senado na semana passada, Delcídio lembrou que a posição majoritária da bancada foi favorável ao governo. Essa é também a visão do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), para quem as críticas, se existirem, devem ser voltadas à presidente Dilma Rouseff e não ao ministro Levy.
“As pessoas precisam entender que estamos enfrentando uma política de transição, estamos dando um freio de arrumação na economia para que o Brasil volte a crescer”, afirmou Costa, lembrando que, no primeiro ano do governo Lula, muitos petistas fizeram críticas à política econômica implementada pelo ex-ministro Antonio Palocci. “Dois anos depois, o Brasil recuperou sua economia”.
Primeiro vice-presidente do Senado, Jorge Viana (AC) admite que o partido vive uma grave crise, e que o grande desafio será fazer uma revisão da sua trajetória como partido político. “Fico com uma frase do presidente Rui Falcão (presidente nacional do PT), que diz: ‘Precisamos mudar para continuar mudando o Brasil’”.
Costa entende que será uma oportunidade para que o partido possa fazer uma reflexão e se reformar, apresentando um novo manifesto, um novo projeto para o Brasil. “Temos que discutir e mostrar qual o país que a gente quer, mudando a nossa cultura política. Ao longo dos últimos anos, o partido se burocratizou, se afastou das suas bases sociais, e esse encontro será uma oportunidade de revermos essa posição.”
A crise de identidade enfrentada pelo partido hoje é um dos maiores problemas do PT, juntamente com as denúncias de corrupção envolvendo dirigentes da sigla. Essa situação preocupa os senadores petistas. Tanto Delcídio quanto Viana reconhecem as dificuldades que serão enfrentadas durante os debates, mas acreditam que ao final o PT sairá mais forte.
Fonte: Fato Online