Presidente nega acordo com Eduardo Cunha para salvar mandato e se recusa a fazer comentário sobre a situação do presidente da Câmara dos Deputados, acuado por denúncias de manter contas secretas na Suíça.
As denúncias envolvendo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), parecem não abalar a presidente Dilma Rousseff, em viagem oficial à Europa. Pelo menos foi o que ela garantiu ao ser questionada, durante entrevista coletiva, em Estocolmo, se não se sentia constrangida com a situação. “Seria estranho se causasse [constrangimento], ele não integra o meu governo”, respondeu.
Dilma disse apenas lamentar os fatos por ser um brasileiro, mas preferiu não se pronunciar sobre as condições para que Cunha permaneça no cargo. “Não tenho como me manifestar a respeito de qualquer coisa relativa ao que acontece no Legislativo”, desconversou.
“Acho fantástica essa conversa de que o governo está fazendo um acordo com quem quer que seja. Até porque o acordo do Eduardo Cunha não era com o governo, era com a oposição. Acho estranho atribuir ao governo qualquer tipo de acordo que não seja acordo que se faz com presidente de poder para passar CPMF, DRU, MPs”, declarou a presidente ao ser questionada sobre um possível acordo com Cunha para tentar salvá-lo das denúncias do Ministério Público, em troca de ter o pedido de impeachment rejeitado.
O presidente da Câmara é o responsável por aceitar ou rejeitar os pedidos de impeachment protocolados na Mesa da Casa. Até o momento, Cunha já rejeitou vários desses pedidos apresentados ao Legislativo, sendo o principal deles o assinado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reali Júnior. O pedido sustenta que Dilma cometeu crime de responsabilidade e acrescenta parecer do TCU (Tribunal de Contas da União) que descobriu a prática de pedaladas fiscais em 2015.
Crise política x crise econômica
Estabilizar a economia e fazer o Brasil voltar a crescer. Esse é, na avaliação da presidente Dilma Rousseff, o maior problema do governo atualmente. Na avaliação da presidente, a questão econômica tem afetado a política tornando-se um ciclo vicioso em que um problema contamina o outro. “A crise política é um componente da crise econômica. Estabilizando o cenário sai da crise”, afirmou.
Dilma acha que não houve grande alteração no quadro político no último semestre, mas ela acredita para a estabilidade política passa por um acordo entre as instituições e a sociedade. “Nós buscamos uma estabilidade política baseados em um acordo numa visão de que os interesses partidários, os interesses pessoais, os interesses de cada corrente têm que ser colocados abaixo dos interesses do país”.
Na opinião da presidente, o governo deve buscar construir um ambiente de entendimento baseado em diálogo, em paz e não em um ambiente em que as questões partidárias e pessoais sejam colocadas acima do interesse do país.
Fonte: Fato Online