Pesquisa no Cerrado explora uso de plantas para controle do diabetes

Foto: Matheus H. Souza/Agência Brasília

Da redação

Estudos científicos buscam soluções inovadoras para a prevenção e controle da doença

Um dos biomas mais ricos em biodiversidade do Brasil, o Cerrado possui entre 6 mil e 12 mil espécies de plantas nativas, ficando atrás apenas da Amazônia e da Mata Atlântica. Com uma variedade de espécies botânicas, o Distrito Federal é uma das regiões do país com o maior percentual de território protegido: mais de 90% de sua área está sob o regulamento de alguma unidade de conservação, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF).

Nessas unidades de conservação, mais de 30 pesquisas científicas são realizadas, contribuindo para a preservação do bioma e o desenvolvimento sustentável. Autorizada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), por meio do Instituto Brasília Ambiental, uma dessas pesquisas investiga o uso ecológico da biodiversidade do Cerrado como forma de prevenção e controle do diabetes tipo 2.

A pesquisa sobre o uso de plantas na prevenção e controle do diabetes faz parte da tese de doutorado da bióloga e química Rosângela Martines Echeverria, pela Universidade de Brasília (UnB). O estudo, realizado por Rosângela, que é servidora licenciada do Brasília Ambiental, envolve mais de 10 etapas, desde a coleta da planta até o estudo biomonitorado e o isolamento molecular, para descobrir o valor científico de espécies no tratamento da doença.

O método consiste em identificar e coletar a espécie botânica; realizar a extração dos compostos químicos com solventes; testar a inibição de enzimas relacionadas ao diabetes; efetuar estudos biomonitorados com os extratos mais promissores; e identificar os compostos químicos ativos. As espécies estudadas incluem milho-de-grilo, lobélia, amargoso, sucupira-branca, muxiba-comprida, laranjinha-do-cerrado e sangra-d’água. A partir da pesquisa, pode-se propor novos tratamentos cientificamente comprovados para o diabetes utilizando plantas medicinais do Cerrado.

Os estudos começaram no ano passado e devem ser concluídos em 2026, mas os resultados preliminares já são positivos. Além de seu potencial para prevenir e controlar o diabetes, a pesquisa destaca espécies do Cerrado que nunca foram estudadas antes. “A maioria das plantas não tem estudo. Querendo ou não, é uma forma de empoderar as espécies do Cerrado, que tem um potencial enorme”, explica Rosângela.

A superintendente das Unidades de Conservação Biodiversidade e Água do Brasília Ambiental, Marcela Versiani, destaca a importância de estudos como esse para o cuidado e preservação do bioma. “A pesquisa acadêmica é um excelente aliado da preservação. Você precisa saber o que possui para saber como proteger. A gente sabe que o Cerrado é enorme, mas ainda carece de muita informação para compreender o tamanho da nossa riqueza”, detalha Marcela.

Com essas iniciativas, o Distrito Federal não apenas avança na área da saúde, mas também na valorização e preservação do Cerrado, mostrando que o desenvolvimento sustentável é possível através da pesquisa e inovação.

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