Iniciativas científicas e tecnológicas buscam reverter impactos históricos e proteger o bioma, que abriga grande parte da biodiversidade e da população brasileira
Você sabia que a Mata Atlântica foi o primeiro bioma brasileiro o com qual os colonizadores tiveram contato? Ao chegarem, encontraram uma vegetação exuberante, de árvores frondosas de todos os tipos e tamanhos. E os animais? Uma fauna diversa como nunca havia visto antes. Sons, cheiros e cores completavam a experiência. Mas essa riqueza também foi um fator determinante para que o bioma fosse o primeiro a sofrer com os impactos da ocupação.
Até hoje, as consequências são sentidas: cerca de 71,6% da vegetação nativa foi desmatada devido à exploração durante ciclos econômicos, construção de rodovias e ferrovias, avanço da pecuária e da expansão urbana.
A Mata Atlântica, presente desde a costa leste do país, passando pelas regiões Nordeste, Sul e Sudeste, está distribuída em 17 estados. Além das florestas nativas, reúne também ecossistemas associados, como manguezais, restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste. Patrimônio histórico e cultural, a floresta tropical foi berço dos povos originários, os primeiros responsáveis por manejar o bioma.
“Se hoje ainda temos o que temos, é graças a essas pessoas que viveram e manejaram a terra por muito anos”, ressaltou a pesquisadora do programa de capacitação institucional do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Nara Furtado, presente no estande do INMA na 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que ocorre até este domingo (10), em Brasília.
O INMA, sediado no Espírito Santo e vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tem como missão realizar pesquisas, promover a inovação científica, formar recursos humanos, conservar acervos e comunicar conhecimentos nas suas áreas de atuação, relacionadas à Mata Atlântica. “Uma das nossas principais ações é a pesquisa científica de base, levantar as informações, ocorrência das espécies, com acervo científicos e também trabalhar essas informações para a formação de políticas públicas como por exemplo, a criação de unidades de conservação”, explicou a também pesquisadora da instituição, Flávia Chaves.
A unidade ainda tem como finalidade a melhoria da qualidade de vida da população brasileira, já que cerca de 70% da população vive hoje na Mata Atlântica. “O primeiro contato com o Brasil que conhecemos foi a Mata Atlântica. Ela carrega a história do país traduzida em biodiversidade e cultura”, completou a Nara Furtado.
Cetene
Outra unidade de pesquisa vinculada ao MCTI que também atua pela defesa e a preservação da Mata Atlântica, é o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene). Localizado no Recife, em Pernambuco, o Cetene trabalha nas áreas de computação científica, nanotecnologia e na biotecnologia, sendo esta última a responsável por desenvolver ações voltadas à preservação dos biomas, entre eles a Pesquisa Mata Atlântica.
No Laboratório de Pesquisas Aplicadas à Biomas, o Cetene desenvolve protocolos para pesquisa com espécies in vitro. O material é utilizado para o reflorestamento e reintrodução de espécies da Mata Atlântica. “Já foram produzidos 100 protocolos de espécies diferentes e com eles a redução do tempo de germinação comparado com a natureza”, explicou o pesquisador do Centro, André Dias. “No ecossistema, o sucesso de germinação é em torno de 70, 80%, já no laboratório, a porcentagem é perto de 100%, completou Dias.
O Cetene mescla tecnologia e preservação ambiental, utilizando a produção de mudas em laboratório para aumentar a reprodução de espécies, incluindo aquelas ameaçadas de extinção. Esse trabalho torna-se ainda mais relevante diante das mudanças climáticas, nas quais a tecnologia ajuda a superar desafios como a perda de biodiversidade e a degradação de habitats naturais.
Fonte: Agência GOV