Pesquisa aponta que, no ano passado, elas ganharam 27% a menos do que eles. Para especialista, faltam políticas públicas.
Brasília, capital do país, é uma das unidades da federação mais desiguais entre homens e mulheres quando se trata de remuneração. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento, em 2018, as mulheres ganharam 27% a menos que os homens. Enquanto o salário médio delas foi de R$ 3.204, o deles ficou em R$ R$ 4.392. Ou seja, a remuneração dos homens foi 1,4 vezes maior que a das mulheres.
É a segunda maior diferença do país, atrás apenas do Mato Grosso, onde elas ganham 29% a menos que eles. Apenas em dois estados do Brasil – Roraima e Amapá – ocorre o oposto e o sexo feminino ganha mais que o masculino.
O levantamento também aponta que, ao invés de diminuir, a diferença salarial entre homens e mulheres tem crescido na capital. Em 2012, o salário delas era 23% menor que o deles, índice mais baixo que o obtido no ano passado.Desigualdade salarial por gênero no DFDiferença de salários entre homens e mulheres tem crescido na capitalSalário médio dos homens, em R$Salário médio das mulheres, em R$201220132014201520162017201830003500400045005000Fonte: IBGE
Para a especialista em estudos de gênero e professora da Universidade de Brasília (UnB) Iracilda Pimentel Carvalho, os números são preocupantes.
“De certa forma, é assustador porque Brasília é a capital do país e deveria dar exemplo de políticas afirmativas e questões de gênero”, afirma.
Segundo a pesquisadora, a questão salarial reflete o tratamento da mulher na sociedade como um todo.
“Aqui no DF não é só a questão do salário, mas também da violência. O fato de não ter políticas públicas que mudem essa mentalidade tende a isso. Por mais que se fale, as políticas ficam só na teoria.”
Ainda de acordo com a professora, a solução para o problema passa pela mudança de consciência geral sobre o tema.
“Mudar essa realidade exige uma mudança na mentalidade da sociedade como um todo. Isso ocorre muito lentamente e, atualmente, eu não consigo ver muito desejo de mudança”, afirma.
Políticas públicas
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O Governo do Distrito Federal possui uma Secretaria da Mulher que possui, entre seus objetivos, “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.
A igualdade salarial é um dos temas que a pasta cita como importante. O G1 questionou à secretaria quais políticas públicas estão sendo efetivamente tomadas para minimizar o problema. Até a publicação desta reportagem, no entanto, não havia recebido resposta.
Igualdade salarial aumentaria PIB
Uma pesquisa divulgada pelo Banco Mundial no ano passado aponta que a igualdade salarial entre homens e mulheres causaria um crescimento de 3,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
Isso porque, com salários mais altos, as mulheres ficariam alocadas por mais tempo em empregos nos quais são produtivas, o que traria impacto positivo para a economia do país.
Segundo o estudo, no entanto, mesmo com avanços ocorridos nos últimos anos, “ainda há leis que impedem a plena participação econômica das mulheres”.
Fonte: G1