A atividade política é fascinante e, ao mesmo tempo, uma profissão de risco sujeita a todo tipo de turbulência, principalmente para quem pretende conquistar um cargo majoritário como o de governador, senador ou presidente da República. Ao antecipar o debate política da disputa pela cadeira do Palácio do Buriti, Agnelo Queiroz (PT) colocou sobre sua cabeça um pêndulo que a cada movimento se aproxima do golpe fatal. Quando buscou cooptar todos os partidos, o mestre da militância político-sindical se esqueceu de algo singular a um governante: não se negocia com todos, tem que manter um mínimo de oposição para equilibar o jogo.
É uma questão de lógica. Se você traz todos para o mesmo barco, aumenta a conspiração para tomar o leme do comandante. Isso é inerente à política. Outro grande erro de Agnelo foi ter menosprezado, ou ter apenas deixado na zona de conforto o seu principal aliado, o vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB). O homem que tem os ventos do Congresso a seu favor – presidências do Senado e da Câmara Federal – além, claro do vice-presidente da República, Michel Temer. Outro erro crucial foi imaginar que o poder de governador poderia condicionar o futuro dos adversários José Roberto Arruda (sem partido), Joaquim Roriz (PSC) e Paulo Octávio (DEM). Este trio, indiretamente, sem mover uma palha, estimulou a dissidência de dois importantes senadores, que perceberam a fragilidade do barco para fazer a travessia do passado para o futuro. O barco do doutor Agnelo ainda era o mesmo dos anos 1990 movido por vento e não por propulsão nuclear ou mesmo a diesel. Ao adotar esta estratégia, perdeu parte do flanco esquerdo e menosprezou a força de articulação chamada Tadeu Filippelli.
Sem um projeto de gestão identificado com os ares moderno de Brasília e sem a força de articulação de Filippelli, não deu outra: Arruda, Roriz, Paulo Octávio, Fraga e Eliana Pedrosa começaram a manter conversas para juntar os cacos. Não adianta Agnelo menosprezar estes movimentos dizendo que Roriz e Arruda nunca serão candidatos. Ele tem razão em 90%, mas os dois ex-governadores não morreram politicamente. Pesquisas apontam eles com um bom capital político, próximo de 60% dos votos válidos. Portanto, se eles se juntarem, adeus Agnelo no Buriti em 2015.
A outra tese, de que a a vaidade e arrogância dos dois impedem a união das oposições, pode cair por terra. Embora ninguém admita, o nome de Filippelli pode ser o elo que falta nesta corrente para sepultar de vez os planos do PT em reeleger Agnelo. Nem precisa ser bom de matemática para se chegar a uma conclusão. Esquerda dividida com o bloco PDT,PSB,PPS e outras siglas menores de um lado e do outro, PSDB, PSC, DEM, PTB, PSD e PMDB do outro, quem segura o doutor Agnelo na cadeira?
Pode parcer impossível, mas é bom lembrar que estes senhores já caminharam juntos outras vezes. O que falta a eles agora é calçar a sandália da humildade, como diria o falecido Clodovil. Enquanto eles confabulam, o monge beneditino Tadeu Filippelli mantém seu voto de silêncio, recolhido no mosteiro da incógnita. Ele sabe que seu silêncio vale uma fortuna de R$ 40 milhões, valor estimado por um publicitário do custo da campanha no Distrito Federal. Se as oposições se unirem, cai pela metade este valor e o nome para unir esta turma chama-se Tadeu Filippelli, o monge esquecido por Agnelo.
Um lembrete aos blogueiros de plantão: Filippelli não vai mover um músculo da face para denotar inquietação ou angústia. Os movimentos que ele tinha para fazer já foram revelados. Agora, ele só observa o rumo dos ventos sabendo que se vier tempestade, será a favor de seu projeto político. O único entrave que ele tinha era com a família Roriz. Esta barreira, pelo menos nesta quadra de tempo, foi removida.
Fonte: Jornal Opção