O candidato deve estabelecer propostas que atinjam as expectativas da maioria dos eleitores.
Para um candidato majoritário, o segredo de um posicionamento eficiente reside em adaptar seu discurso, suas propostas e a sua imagem às expectativas da maioria dos eleitores, para colocar-se na condição do mais votado entre um universo reduzido de candidatos. Trata-se, portanto, de um voto que se conquista no atacado.
Candidato a deputado não deve fazer uma campanha generalista
As circunstâncias de um candidato a deputado são bastante diferentes. Ele deve conquistar um quociente mínimo de votos, numa eleição em que ele luta contra a indiferença do eleitor, por um lado, e contra centenas de outros candidatos, de sua coligação ou coligações adversárias, de outro. Portanto, esse é um voto que, por todas as suas circunstâncias, fora raras exceções de políticos de grande expressão que continuam a disputar eleições proporcionais, é disputado no “varejo” ou, em outras palavras, é “garimpado”.
Nessas circunstâncias, o segredo de um posicionamento eficiente é evitar uma campanha generalista, e saber focar com precisão sua imagem, discurso e plataforma. Ou seja, ao contrário de uma campanha majoritária, uma campanha proporcional deve saber produzir um discurso muito específico e dirigido cirurgicamente para setores do eleitorado que são o nosso “alvo”.
Enquanto um candidato majoritário precisa ser, ao final da competição, coroado como o “rei da floresta”, um candidato proporcional precisa saber exatamente quais são as suas “clareiras”, ou seja, o seus potenciais bunkers eleitorais, lutar por eles com unhas e dentes e não dispensar esforços com áreas nas quais não tem um mínimo de reconhecimento público, ou rede de reprodução eleitoral. Ou seja, um voto ultra segmentado, que precisa exatamente por isso de uma campanha bastante focada em seu posicionamento.
A natureza desse posicionamento preciso em seu foco varia muito: identidades regionais, de categoria profissional, vínculos religiosos, defesa de causas específicas, bandeiras específicas com as quais o candidato é identificado e que possuem um apelo significativo entre os eleitores, ou pelo menos, repetimos, entre um contingente mínimo de eleitores que podem levar nosso candidato a conquistar uma cadeira.
Os erros a que em geral os candidatos são tentados e dos quais devem fugir a todo o custo, é limitar-se a reproduzir a campanha majoritária do seu partido ou coligação, fazer uma campanha que seja generalista e fale de muitos assuntos, ou centrar-se nos temas eminentemente macropolíticos. Erros que aproximam demais o posicionamento da campanha proporcional do posicionamento de campanhas majoritárias, que como já afirmamos, vivem circunstâncias estratégicas completamente distintas.
Um candidato a deputado não deve ter medo de ter um posicionamento aparentemente pequeno em ambição política, nem um discurso limitado a um universo restrito de assuntos. Ele não precisa de respostas para tudo, e nem falar para todos os eleitores. Ele precisa ter as respostas certas para o eleitor certo. Essa capacidade de segmentar o seu eleitor e de focar seu posicionamento são alguns dos maiores desafios de sua campanha.
Por Juliano Corbellini
Fonte: Política para Políticos