Em ano pré-eleitoral, como o de 2013, traz prenúncios de acertos e derrotas para os agentes políticos nas mais variadas siglas, tanto aquelas que gravitam em torno do poder como moscas de padaria bem como as mais sutis. Ambos facções tem interesse de conquistar o poder. Este é o caminho natural de qualquer legenda. O grupo que faz oposição ao centro de poder procura aliados de peso eleitoral e respeitabilidade junto à população para formatar o contraponto. Nem sempre a tarefa se torna exitosa, quer pela falta de fôlego no discurso, quer pela incapacidade de recursos. No caso dos opositores do governador Agnelo Queiroz (PT), dois ingredientes afetam os possíveis adversários do governador: vaidade e arrogância.
Faltando um ano e sete meses para o pleito de 2014, até agora ninguém se predispôs a conversar uns com os outros. PSDB, PSD, PSB, PDT, PPS, DEM e outras legendas que aspiram conquistar a cadeira de Agnelo não movem um passo rumo ao entendimento. Nomes não faltam. Deputado federal Izalci Lucas, senadores Cristovam Buarque e Rodrigo Rollemberg, empresário Paulo Octávio, ex-deputado Alberto Fraga, Rogério Rosso e o deputado federal Luiz Pitiman (PMDB). Este último corre na raia de fora sem vinculo com os grupos tanto dos aliados de Agnelo, como o presidente da legenda a que ele pertence, vice-governador Tadeu Filippelli. Pitiman é um caso à parte. Tem capital político próprio, trabalha muito e está bem à frente dos concorrentes, mas precisa de uma legenda que seja confiável e que tenha chances de conquistar o poder. Mesmo não estando confortável no PMDB, ele sabe que o partido precisa muito dele. Gostando ou não o vice-governador Tadeu Filipelli. Pitiman é um dos poucos “novatos na política” que podem aglutinar forças para enfrentar Agnelo. E ele trabalha dia e noite com este objetivo.
Todos estes personagens têm credenciais para liderar um movimento que sinalize ao eleitor do Distrito Federal que existe uma alternativa. Não adiante ficar cada qual em seu canto, dizendo que Agnelo será o dilúvio do apocalipse político se não se unirem em torno de um projeto administrativo e político para o DF. Até mesmo a autêntica e histórica petista Érica Kokay disse que “é um desrespeito com a militância do PT o fato de dirigentes do partido já darem como certa a candidatura à reeleição de Agnelo”. Esta senha, embora de uma voz isolada no PT, soa como um alerta às oposições para se mexerem, pois o inquilino do Buriti não é uma unanimidade como candidato. Mesmo com tantos sinais de fadiga de material, ninguém da oposição move um passo rumo ao entendimento buscando aglutinar uma força de oposição que faça frente à reeleição de Agnelo.
O próprio GDF ignora solenemente o barulho isolado das vozes de oposição. A população, que até agora não moveu um músculo do rosto para sorrir em favor de Agnelo, está ávida por um movimento que lidere uma bandeira de mudanças. A apatia não só tomou conta do brasiliense, mas também está matando qualquer mudança no cenário político. Os tradicionais embates políticos de outrora com personagens como Joaquim Roriz, José Roberto Arruda, Luiz Estevão, Cristovam Buarque, só para citar os mais polêmicos, fazem parte do passado. Mesmo assim, a população ainda tem saudades e gostaria que a política fosse mais aguerrida, tendo como pano de fundo os interesses do Distrito Federal e não projetos pessoais.
Os formadores de opinião como jornalistas, blogueiros, comunidade acadêmica e sociólogos estão frustrados com o caminho escolhido pela oposição ao governador Agnelo. Todos estão apáticos e desesperançados numa possível união que balance o marasmo que tomou conta do debate político no Distrito Federal. O escândalo da Caixa de Pandora não só arruinou a política local, mas também levou à inércia administrativa, fazendo com que o DF andasse como um zumbi. Não existe nenhum brilho na autoestima do brasiliense que, a cada dia, perde a esperança de novas mudanças. Se continuar cada qual em seu caminho, só mesmo um novo escândalo para tirar Agnelo do caminho. Tem muita gente esperançosa de que a entrevista do araponga Idalino Matias, o Dadá, à “Folha de S. Paulo” na sexta-feira, 22, mude os rumos dos ventos e derrube o favoritismo de Agnelo.
Fonte: Jornal Opção