Sigla tem sondado representantes da política local para reforçar os quadros de olho nas eleições do próximo ano. O ex-governador Paulo Octávio é um dos nomes que podem integrar a legenda e disputar o pleito em 2014.
Filiado ao DEM, Paulo Octávio estuda a possibilidade de migrar para o PMDB e disputar vaga de distrital.
A seis meses de terminar o prazo para as filiações partidárias que vão vigorar nas eleições de 2014, algumas legendas se mobilizam para montar suas nominatas. O PMDB do vice-governador Tadeu Filippelli é uma das siglas que prepara configuração para a corrida das urnas do ano que vem. Nos últimos dias, Filippelli, que comanda o partido no DF, fez alguns convites estratégicos. Entre os sondados, o distrital Wellington Luiz (PPL), o suplente de deputado federal Augusto Carvalho (MD) e o empresário Paulo Octávio (DEM), que, nos últimos tempos, tem se aproximado da base do governador Agnelo Queiroz (PT).
Incluída no calendário de comemoração do aniversário de Brasília, a abertura da exposição JK e o Brasil Campeão, no Memorial JK, no último domingo, foi cenário de representativa movimentação política no DF. O evento cujos anfitriões foram o ex-vice-governador Paulo Octávio e a mulher dele, Anna Christina Kubitschek, contou, em dia de agenda lotada, com a presença do governador Agnelo e do vice.
O ato público dá sequência a uma costura que tem sido trabalhada nos bastidores. Eleito vice-governador na chapa de José Roberto Arruda em 2006, Paulo Octávio prepara-se para voltar à política. Embora não admita publicamente que vai ser candidato, tem estudado e conversado sobre a hipótese com pessoas próximas. Entre as alternativas, o empresário poderá se candidatar a deputado distrital. Em 2006, ele licenciou-se do mandato de senador para concorrer ao governo.
Embora já tenha sido eleito para o Senado e, por duas vezes, deputado federal, Paulo Octávio deve confirmar candidatura em 2014 para a Câmara Legislativa. A correligionários, ele tem dito que quer experimentar cargo inédito em sua carreira política, oportunidade ainda de estar mais ligado ao eleitorado, já que o deputado distrital mantém contato mais direto com a comunidade. Apostar em voo mais baixo é também uma forma de não correr riscos quando será aferido nas urnas rescaldo das avarias que a Caixa de Pandora provocaram no perfil político de quem teve o nome citado no escândalo.
Ainda filiado ao DEM, Paulo Octávio deverá mudar de partido nos próximos meses, e uma das possibilidades é o PMDB. Há um mês, ele recebeu o convite do presidente nacional do partido, senador Valdir Raupp (RO), e do local, o vice-governador Filippelli, que tem pessoalmente feito a corte ao empresário. Além do evento no Memorial JK no último domingo, Filippelli prestigiou a inauguração da concessionária Bali Aeroporto, da organização Paulo Octávio. Além do PMDB, outros sete partidos foram representados no evento. Uma definição sobre a sigla que vai adotar para retornar à política, no entanto, só ocorrerá mais adiante, provavelmente no segundo semestre.
Sem espaço
Quem também recebeu convite diretamente de Filippelli para engrossar as fileiras do PMDB no DF foi o distrital Wellington Luiz. Atualmente, o deputado está filiado ao PPL, sob o comando no DF do diretor-geral do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), Marco Antonio Campanella. Nos últimos meses, Wellington passou a se sentir sem espaço na legenda. Com base na Polícia Civil, o deputado assumiu alguns posicionamentos contrários ao governo na negociação com a categoria. Os embates foram sempre recriminados pelo comando do PPL, alinhado com o Executivo.
A situação deixou Wellington desconfortável e em busca de alternativa. Está quase certo que ele se filie, agora, ao PMDB de Filippelli, em que, embora reduto governista, ele considera que haverá mais margem de atuação política. “É bem possível que esse seja o meu destino. Mais alguns dias e a decisão estará tomada”, confirmou Wellington, que aguarda o retorno do vice-governador de uma viagem para a formalização do ingresso no PMDB.
Na meta de ampliar a legenda com nomes de tradição na política candanga, Filippelli também chamou para a sigla o suplente de deputado federal Augusto Carvalho. A partir da fusão do PPS com o PMN, que resultou na criação do Movimento Democrático, Augusto entrou também em zona de desconforto. Um dos acordos para a formação da nova agremiação é que 40% dos postos de comando no diretório local do partido sejam ocupados por representantes do PPS, outros 40% fiquem reservados para indicação pelo PMN e o restante (20%) entregue a novos filiados.
Nessa configuração de partilha de poder, Jaqueline Roriz, única deputada federal pelo DF do recém-criado MD, deve ainda agregar tempo de televisão e fundo partidário à legenda, de acordo com regra da Justiça Eleitoral segundo a qual os novos partidos têm direito a usar o tempo de tevê e a cota do fundo partidário dos filiados egressos de outras legendas.
A deputada federal — com quem Augusto não tem afinidade — pode assumir inclusive a presidência regional do MD. O fato poderia tornar a permanência dele insustentável na legenda. Uma alternativa seria, então, o PMDB. O suplente tem 30 dias para resolver se quer deixar o partido, prazo estabelecido entre as regras da fidelidade partidária quando da formação de uma sigla.
Represália
No último dia 12, Agnelo exonerou o petista Geraldo Magela da secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano para que retornasse à Câmara dos Deputados. O objetivo era tirar o mandato de Augusto Carvalho, que é suplente e depende de um arranjo político para permanecer no cargo. A medida foi em resposta ao ainda existente PPS, que vinha fazendo críticas públicas a gestão petista.
Por Ana Maria Campos e Lilian Tahan
Fonte: Correio Braziliense – 23/04/2013