#TBT: Conheça a história e a importância da vacinação no DF e no Brasil

Na semana do Dia D da Campanha Nacional de Multivacinação, relembramos ações de imunização que erradicaram ou controlaram diversas doenças no Brasil

A vacina é algo corriqueiro na vida – e no braço – de brasilienses de todas as idades, mas nem sempre essa foi a realidade. Uma capital nova, planejada, Brasília viveu diversos momentos da história da implementação das campanhas de vacinação desde sua fundação. Das pistolinhas braço a braço, sem esterilização, às fake news e negacionismo da pandemia de uma doença totalmente nova, a capital da República testemunhou o nascimento do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e do primeiro calendário de vacinação brasileiro, nos anos 1970, e viu o maior movimento de vacinação em massa da história com a luta contra a covid-19.

Atualmente, o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Saúde, tem promovido diversas ações contínuas para ampliar a cobertura vacinal da população. Exemplo disso são as iniciativas de vacinação em pontos estratégicos, como a Campanha Nacional de Multivacinação, que terá o Dia D no sábado (26) em cerca de 90 pontos em todo o DF. No Zoológico, a entrada será gratuita para quem levar o cartão de vacinação para se imunizar no local. Além disso, a pasta dispõe de pontos de vacinação de segunda a sexta e nos finais de semana, para que pessoas sem disponibilidade em dias úteis também tenham a oportunidade de se imunizar aos sábados e domingos.

Para destacar o Dia D da campanha, o #TBTDoDF relembra alguns momentos históricos da vacinação em Brasília e te conta um pouco da trajetória dessas pequenas doses que salvam vidas e que, ao longo da história, têm sido protagonistas na redução expressiva — ou até mesmo erradicação — de doenças no Brasil, como a poliomielite, febre amarela, varíola e covid-19.

A história da vacina, no Brasil, começou há mais de 200 anos, com a obrigatoriedade de se vacinar estabelecida, em 1804, pelo governo da época. Nesta série de reportagens especiais #TBT, aprenda sobre o surgimento da vacina e o seu histórico no Distrito Federal (DF).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3 milhões de vidas são poupadas por ano graças à vacinação. Mas, afinal, como era o mundo antes desses imunizantes? No século 19, a expectativa de vida no mundo não passava dos 32 anos. De acordo com dados divulgados pela OMS neste ano, a população mundial vive atualmente, em média, 73,3 anos, ou seja, a expectativa de vida aumentou em 129% em comparação com o século 19.

Além das políticas públicas desenvolvidas, ao longo dos anos, para democratizar o acesso à saúde, a tecnologia teve e continua tendo um papel fundamental para estimular a qualidade de vida dos brasileiros. A vacina, por exemplo, representa um avanço na ciência capaz de salvar 3 milhões de vidas por ano, em mortes evitadas por imunizantes contra poliomielite, difteria, tétano, coqueluche, sarampo e gripe, segundo estimativa da OMS.

Criação da vacina

A primeira vacina da história foi desenvolvida, em 1796, pelo inglês e médico rural Edward Jenner. À época, o imunizante protegia contra a varíola, uma das doenças mais letais da história. Ela matou mais de 300 milhões de pessoas no século 20 e foi erradicada em 1980. A OMS estima que mais de cinco milhões de vidas são salvas anualmente com a extinção da doença devido à vacinação.

Foi em 1804 que começou a história da vacinação no Brasil, antes da chegada da corte portuguesa. Naquela época, a imunização ocorria pelo chamado “braço a braço”. Os escravos eram enviados para países europeus para tomarem as primeiras doses de imunizantes e, a partir dos anticorpos produzidos pelo organismo desses vacinados, eram feitas novas vacinas para imunizar o restante da população.

Em 1806, a vacinação passou a ser obrigatória em algumas regiões do Brasil, mas, mesmo assim, não era levada muito a sério pela população. Somente em 1832 que se tornou obrigatória para todos os habitantes do império. Este período foi marcado pela Revolta da Vacina — quando aconteceu uma rebelião popular contra a obrigatoriedade da vacina decretada pelo Estado.

Após cinco dias de rebelião, a Revolta da Vacina deixou um saldo de 945 prisões, 110 feridos e 30 mortos, segundo o Centro Cultural do Ministério da Saúde. Somente após esses episódios que o cenário mudou, a partir do século 20, no Brasil. A história da vacina foi construída no país por pioneiros como Adolpho Lutz, Vital Brazil e Oswaldo Cruz — protagonista importante na luta contra a febre amarela urbana, que teve seu último caso registrado no país em 1942.

Tecnologia

Criada para agilizar o processo de vacinação em grandes grupos de pessoas, a pistola de vacinação foi inventada por médicos militares norte-americanos em meados de 1950. A pistola era um equipamento portátil que funcionava sob pressão de ar. Ao acionar um pedal, a alta pressão fazia com que a vacina ocorresse de forma percutânea (que atravessa a pele).

Este equipamento, apesar de temido por muitos, representou um avanço tecnológico e foi o responsável por, finalmente, erradicar a varíola nas Américas, em setembro de 1980.

“Uma das grandes transformações que vivemos é de que, antigamente, a gente não tinha material descartável para aplicar a vacina. Quem viveu naquela época relatava que não sabia nem se a aplicação era realizada por um profissional de saúde e muito menos se havia a esterilização do equipamento. Foi quando surgiram, em larga escala, as doenças como as hepatites e o HIV [Vírus da imunodeficiência humana]”, afirmou a chefe do Núcleo da Rede de Frio da Secretaria de Saúde, Tereza Luiza Pereira.

Adesão à vacina

“Tivemos dois movimentos muito importantes aqui. Um foi o da vacinação contra a febre amarela, que fez a revolução da vacina em 1937. A outra foi a vacinação contra a poliomielite para conter a paralisia infantil. Essa doença deixou muitas crianças mortas ou sequeladas que vivem, até hoje, com paralisia. A vacina contra a poliomielite foi realmente uma das grandes vacinas lançadas, cuja adesão foi em massa porque os pais não queriam que os filhos tivessem aquela sequela”, explicou Tereza.

Em 1973, foi criado o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Três anos depois, o governo lançou o primeiro calendário de vacinação brasileiro, em 1978, que incluía a BCG, a poliomielite oral, a tríplice bacteriana e a vacina do sarampo. Em 1991 foi registrado o último caso de poliomielite no Brasil, na Paraíba, o que garantiu o certificado de eliminação da doença nas Américas, em 1994, após o último caso registrado no Peru.

Coronavírus

Depois de anos superadas as pandemias que avassalaram o mundo, como a da varíola e febre amarela, a tensão, o medo e a insegurança voltaram a apavorar a população com o aparecimento de um novo vírus responsável por milhões de mortes ao redor do mundo: a covid-19. O primeiro caso confirmado da doença no Distrito Federal foi no dia 7 de março de 2020. O Governo do Distrito Federal (GDF), diante do avanço do coronavírus, foi um dos primeiros a decretar toque de recolher, no dia 18 de março de 2020.

Até o dia 5 de agosto deste ano, foram notificados no DF 911.135 casos confirmados de covid-19. Do total de casos notificados, 898.964 (98,7%) estão recuperados e 11.871 (1,3 %) evoluíram para óbito. Os casos fatais da doença começaram a frear somente após a criação da vacina, em 2021.

Em 2023, iniciou-se a vacinação bivalente contra o vírus. De acordo com a chefe do Núcleo da Rede de Frio da Secretaria de Saúde, Tereza Luiza Pereira, o acesso à informação de forma facilitada no mundo atual influencia na adesão à vacina.

“Antigamente, as pessoas tinham uma mortalidade muito alta. As pessoas viam a vacina como a solução para a morte. Isso é diferente do que tivemos com a covid. Naquela época, ninguém ficava perguntando qual era o laboratório, quem fez, de onde veio. Hoje em dia, as pessoas estão mais bem-informadas e elas acabam tendo mais curiosidade para tirar todas essas dúvidas, seja para o bem ou para o mal, como é o caso das fake news, que colocavam a saúde de outros em risco”, comparou.

Segundo Tereza, o movimento de vacinação contra a covid-19 teve muito mais impacto no início e, aos poucos, a adesão foi sendo enfraquecida pela população. “No início, as pessoas estavam com aquela percepção de risco, que era praticamente uma sentença de morte quem pegasse o vírus. Enquanto havia esse sentimento, a adesão era alta. Tanto é que a cobertura da primeira e segunda dose foi boa. Quando fomos adquirindo novas doses e a doença foi sendo controlada, justamente por causa da vacina, as pessoas perderam essa percepção de risco e a vacinação com as outras doses caiu bastante.”

Fonte: Agência Brasília

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