A posse é um evento de um só dia, por isso precisa ser bem aproveitado.
Como ocorre com o lançamento da candidatura, a posse é um evento de um só dia, mas que se projeta sobre o futuro imediato. Ou é bem aproveitado, ou perde-se para sempre a oportunidade. Há posses para todos os gostos. Há candidatos que a preferem discreta, sóbria, um prelúdio breve antes que a administração comece a trabalhar.
A posse é um momento político maior, cercado de simbologias
Há outros que preferem uma posse festiva, um espetáculo a ser oferecido à população, na qual a comemoração se sobrepõe ao conteúdo político. Há também os que a concebem como um momento político maior, cercado de eventos simbólicos e festivos, para conferir-lhe sua verdadeira dimensão e deixar uma imagem duradoura daquele momento para o eleitor.
A posse, entretanto, não pode depender exclusivamente do temperamento ou disposição do governante a ser empossado. Há que levar em conta o momento histórico, os sentimentos da população, a história da campanha. Em outras palavras, não se trata apenas de uma questão de gosto do candidato, de sua preferência, trata-se basicamente de uma questão política, destinada a realizar objetivos políticos.
Objetivos
O evento “posse” destina-se a atender a três objetivos:
1. Revelar a demonstração pública de apoio ao novo governante e seu governo. É o momento de mostrar que, na condição agora de governante de todos, sua legitimidade, popularidade e aprovação aumentaram significativamente, desde a eleição até aquele momento.
2. Definir as linhas principais, e as prioridades maiores do novo governo. É o momento em que o governante empossado revela aos eleitores a sua “mensagem”. Depois de concluídos os estudos da transição, o eleito possui melhores condições de anunciar seu programa de governo, de forma mais realista: medidas de curto, médio e longo prazo, prioridades, principais mudanças, novos compromissos, metas. A peça fundamental para esta definição é o discurso de posse. 3. Demonstrar que o novo governo está no comando e encontra-se qualificado para governar. O eleito e seus escolhidos aparecem para o eleitor como uma equipe, a quem confiou os poderes para governar. O que ele espera desta equipe é a sua qualificação para assumir os encargos de governo. O discurso de posse do governante, seguido pelos discursos de posse de seus auxiliares nomeados, entrevistas e declarações, deverá passar este sentimento de confiança ao eleitorado.
Toda posse é um evento de marketing político, e dos maiores
O marketing da posse
O evento da posse é também um evento de marketing político, e dos maiores. Os dias imediatamente anteriores, e imediatamente posteriores a ele, são especialmente propícios para ocupar os espaços da mídia com matérias sobre o governante e auxiliares. Matérias biográficas, entrevistas mais longas e pessoais, divulgação das principais novidades e mudanças, necessitam do assessoramento profissional do marketing para serem aproveitados inteligentemente e de forma a produzir impacto na opinião pública.
Além dessas matérias, para as quais a mídia terá não apenas boa vontade como interesse, este é o momento também para a produção de peças publicitárias de todo o tipo. Com a posse deverá surgir a “marca” da nova administração, se possível com o seu “slogan” (vale lembrar de Juscelino “50 anos em 5!”). De forma análoga, projetos de governo impactantes também terão sua marca divulgada. Nos locais onde haverá festividade, toda a ampla parafernália da publicidade política pode ser usada: banners, cartazes, faixas etc.
Uma nova fotografia, agora a representação visual do homem que está investido na função de autoridade, deverá ser feita. A forma como deve falar e comportar-se na TV, por igual precisa ser ajustada pela equipe de marketing. O evento, como se vê, deve estar submetido a uma logística precisa e competente, como se exige de um ato político maior que deve possuir o máximo impacto na opinião pública. É dentro destes marcos que o estilo pessoal do governante deve se manifestar. O eleitor vai querer encontrar, por trás de todo o aparato publicitário, aquela pessoa em quem votou na campanha e que agora é uma autoridade.
Informalidade e formalismo coexistem no ato da posse. Em certos momentos – a transmissão do cargo, por exemplo – o toque formal é indispensável. É um momento sério, onde se espera sobriedade e elegância. Já nas festas, espera-se um governante mais descontraído, mais alegre, mais comunicativo, embora sem excessos de familiaridade e de informalidade. Nem o “janota” distante e antipático, nem o “festeiro” irreverente. O timing de sua participação nos eventos também deverá ser planejado com antecedência. Não deve se atrasar, mas também não deve esperar por outros; não deve reduzir sua participação a aparições-relâmpago, mas também não deve demorar-se além do necessário.
Na posse não deve se atrasar, mas também não deve esperar
A posse, portanto, tem que ser planejada como um todo. Seus assessores de agenda, estratégia, comunicação e marketing deverão fazer este planejamento em detalhe. Neste planejamento haverá espaço adequado para tudo: para o ritual, para o discurso, para as aparições em TV e rádio, para entrevistas à mídia, para as festas, para algumas visitas especiais que você deseja fazer, para sua família.
Neste planejamento também deverá ser tratado claramente e com objetividade, os atos simbólicos que desempenhará, e o seu comportamento, forma de trajar, e as formas de comunicação que adotará, em cada situação. Nele também estréiam as marcas publicitárias que você deseja associar ao seu governo e à sua imagem. Deste conjunto de atividades bem planejadas e bem executadas deve-se lograr atingir aqueles três objetivos acima mencionados.
Não deixe de fazer de sua posse um momento em que você capitaliza na popularidade conquistada para iniciar seu governo com a simpatia e o respaldo popular. Ela abre o “período de graça” dos 100 dias que a oposição deve lhe reconhecer e com os quais você firma seu comando sobre a nova administração.
Fonte: Política para Políticos