Por que alguns eleitores tendem a manifestar preferência para o candidato que “está na frente”?
É amplamente comentado pela grande imprensa, pelos analistas e pelos candidatos, o efeito da flutuação nas intenções de voto apontadas pelas pesquisas eleitorais. De uma hora para outra, o quadro eleitoral pode sofrer alterações a partir de fatos negativos ou positivos divulgados a respeito dos candidatos.
Flutuação das intenções de voto que aparece nas pesquisas existe mesmo
Tais situações podem exigir mudanças de estratégias para manter a candidatura no páreo até o final da corrida eleitoral. Pois bem, dentre tantos elementos que compõe o ambiente psico-social de uma eleição, está o bandwagon-effect, ou a síndrome do “efeito adesão”.
Bandwagon-effect
O chamado bandwagon-effect, nada mais é do que a tendência das preferências eleitorais se transferirem para o candidato que desponta nas pesquisas.
Em outras palavras, quando um candidato é apontado pelas pesquisas de intenção de voto como favorito, com um percentual significativo de vantagem na preferência dos eleitores em relação aos demais candidatos, ocorre uma transferência de intenções de voto para o primeiro colocado, ou seja, a parcela dos eleitores que não possuem uma escolha consolidada tende a manifestar preferência para o candidato que “está na frente”.
Esse efeito “efeito adesão” ocorre porque os eleitores acreditam que, votando em um candidato que fatalmente será derrotado, estarão “desperdiçando seu voto”, comportamento esse que pode se acentuar com o apelo ao “voto útil”, que geralmente é adotado pelo primeiro colocado, ou por aquele candidato que está mais próximo ao líder nas pesquisas e que pode levar a disputa para um segundo turno.
Eleitores que não têm convicção do voto acabam votando em quem está na frente
Estima-se que a expressão bandwagon-effect tenha sido incorporada ao vocabulário político norte-americano em 1902, numa história em quadrinhos sobre a carreira política de Theodore Roosevelt. Com o tempo, essa expressão foi sendo utilizada até em eleições papais nas quais os cardeais são induzidos a direcionar seu voto para o candidato mais votado no último escrutínio.
De fato, o bandwagon-effect, aplicado aos processos eleitorais, manifesta-se com maior força, em contextos nos quais os eleitores demonstram uma baixa identificação com os partidos políticos e pouco interesse pela atividade política.
Em processos eleitorais nos quais as identidades partidárias são mais enraizadas, como no continente europeu, os eleitores são menos susceptíveis ao bandwagon-effect. Nestes contextos, até podem ocorrer surpresas durante o processo eleitoral, mas é preciso que fatos mais consistentes ocorram para haver um deslocamento das preferências de voto.
Fonte: Política para Políticos